|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Grupo acha dino herbívoro gigante em SP
Animal de pescoço longo, do grupo dos saurópodes, pode ter alcançado 13 m, sugere estimativa inicial
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Restos de um dos gigantes
brasileiros da Era dos Dinossauros estão vindo lentamente
à tona em Marília (444 km a
noroeste de São Paulo). Tudo
indica que se trata de um saurópode, dino pescoçudo e comedor de plantas que pode ter
chegado a 13 metros.
O esqueleto de dezenas de
milhões de anos apenas começou a ser exposto, mas há esperança de que boa parte do animal ainda esteja por lá, porque
as vértebras achadas até agora
estão articuladas, ou seja, unidas umas às outras na posição
que ocupavam em vida.
Esse fato é um golpe de sorte
relativamente raro na paleontologia brasileira, contou à Folha o responsável pela descoberta, William Nava, do Museu
de Paleontologia de Marília.
Rumo à cabeça
"Como temos parte da região
pélvica [do quadril] preservada
e associada às vértebras dorsais, estamos escavando agora
na direção da cabeça do bicho.
Tudo indica que poderemos
achar as vértebras cervicais, do
pescoço, e também o crânio
preservado sob as camadas de
arenito, o que seria fantástico.
Essa é a nossa expectativa",
afirma Nava, um dos mais ativos caçadores de fósseis do interior de São Paulo.
As primeiras pistas do saurópode surgiram no último mês
de abril, quando a presença de
conchas fossilizadas de bivalves (moluscos como as atuais
ostras) chamou a atenção de
Nava. "Resolvi investigar o barranco que margeia o acostamento da estrada e vislumbrei
diversos fragmentos ósseos
despontando na rocha, mas
bastante escurecidos, indicando que estavam há um bom
tempo expostos", conta ele.
Essa coleção inicial de restos,
por si só, já parecia interessante: havia vértebras da cauda,
costelas e dois outros ossos
grandes (um deles provavelmente corresponde ao fêmur).
Um pouco mais de trabalho revelou a presença de duas vértebras articuladas, medindo, cada
uma, cerca de 20 cm. "Quando
se encontra material articulado
a tendência é nos concentrarmos nele, devido justamente à
escassez dele", explica Nava.
Colaboração
Ele repassou as informações
sobre a escavação ao paleontólogo Rodrigo Santucci, da UnB
(Universidade de Brasília), que
é especialista em saurópodes.
Conforme o trabalho avançar,
Santucci será capaz de determinar se o animal era um titanossaurídeo (principal grupo
de saurópodes do país, caracterizados pela presença de "calombos" ósseos em seu couro) e
avaliar se a espécie ainda não é
conhecida da ciência.
Antes disso, porém, Nava está planejando a retirada do material da encosta, o que pode se
transformar numa operação
longa e delicada. A ideia é extrair todo o bloco contendo os
ossos até agora encontrados e
outros ainda encobertos por
rocha. O trabalho no local também trouxe à tona o crânio e a
mandíbula de um parente extinto dos jacarés e crocodilos.
Texto Anterior: Foco: Telescópio espacial que vê infravermelho revela "colar" de estrelas bebês Próximo Texto: Veterinária: Terapia gênica salva cães de câncer em pesquisa argentina Índice
|