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ESPAÇO
Objeto pode elucidar a formação de astros gigantes
Dupla descobre traço de possível planeta-bebê numa estrela jovem
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Usando como pista a presença
de um gás numa estrela próxima,
dois astrônomos nos Estados
Unidos podem ter detectado o
primeiro sinal de um "planeta-bebê" fora do Sistema Solar -um
gigante gasoso em formação localizado a 320 anos-luz de distância.
Se confirmada, a descoberta,
além de introduzir uma nova
classe de objetos astronômicos ao
rol dos cientistas, pode elucidar as
grandes dúvidas que ainda pairam sobre o processo que leva à
formação de planetas, especialmente os gigantes, como Júpiter,
Saturno, Urano e Netuno.
Usando o Telescópio de Infravermelho da Nasa (que, embora
pertença à agência espacial americana, está bem preso ao chão, no
Havaí), Sean Brittain e Terrence
Rettig detectaram em uma das estrelas da constelação de Libra
(HD 141569) um traço que indica
a presença de um tipo específico
de molécula de hidrogênio, chamado H3+.
Essa é a fórmula que os químicos usam para representar uma
molécula composta por três átomos de hidrogênio, com um elétron faltando (cada átomo de hidrogênio normalmente possui
um próton e um elétron).
Essa forma instável de hidrogênio já foi detectada em várias fontes, como no meio interestelar e
em nebulosas, mas sua mais interessante ocorrência é nos gigantes
do Sistema Solar. O traço já foi
visto em Júpiter, Saturno e Urano.
Autógrafo molecular
Os astrônomos conseguem descobrir do que os objetos distantes
são compostos porque cada um
deles tem uma "caligrafia" diferente na assinatura de luz que
emite. Analisando a frequência
exata da luz captada pelos telescópios, é possível dizer com exatidão que tipo de átomo ou molécula a emitiu. Essa análise de "autógrafos" -chamada pelos pesquisadores da área de espectrografia- foi o que permitiu a detecção do H3+.
A explicação mais interessante
para essa presença de hidrogênio
nas proximidades da estrela, junto ao disco de poeira que a circunda, seria um planeta gigante em
formação. Mas ainda há a possibilidade de que o gás esteja espalhado. "Só com observações de longa
duração da mudança de posição
do H3+ ao redor da estrela poderíamos confirmar que é mesmo
um protoplaneta", diz Rettig, que
publicou seus resultados na última edição da revista "Nature"
(www.nature.com).
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