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POLÍTICA CIENTÍFICA
Relatório da Fapesp aponta cisão entre pesquisa e mercado
Biotecnologia gera patentes em SP
REINALDO JOSÉ LOPES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O velho abismo entre a pesquisa
científica e a inovação tecnológica
continua amplo no Brasil, mas
áreas como a biotecnologia e a informática talvez estejam começando a modificar esse quadro.
Essa é uma das principais conclusões de um relatório publicado
ontem pela Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo), que pretende retratar
as modificações no cenário científico e tecnológico do Estado durante a década de 90.
Batizado de "Indicadores de
Ciência, Tecnologia e Inovação
em São Paulo - 2001", o relatório
inclui números e análises, a maioria deles abrangendo um período
que vai de 1989 a 1998, relacionados a toda a cadeia de produção
científica e tecnológica, do ensino
fundamental aos dividendos econômicos gerados por novas descobertas científicas.
"A gente sabe da dificuldade em
obter dados confiáveis sobre ciência no Brasil", disse Francisco
Landi, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da
Fapesp. "Esse documento deve
ajudar a compreender as mudanças e tendências do setor."
O documento confirma o crescimento da participação brasileira na produção científica internacional: entre 1985 e 1999, o número de artigos brasileiros em publicações científicas internacionais
cresceu 34%, correspondendo a
1,1% da produção científica mundial. O índice é comparável ao coreano (1,2%) e ao indiano (1,7%),
e o Estado de São Paulo responde
por 50% dessa produção.
São Paulo investiu, em média,
R$ 2,2 bilhões anuais em pesquisa
e desenvolvimento (esse segundo
item inclui a criação de novos
produtos industriais) entre 1995 e
1998, o que corresponde a 38% do
investimento do Brasil inteiro no
setor no mesmo período.
Contudo, as empresas continuaram investindo bem menos
que o governo na área: as instituições públicas empregaram 78%
dos pesquisadores, arcando com
62% das despesas com pesquisa e
desenvolvimento. O governo estadual de São Paulo foi o principal
financiador da área, respondendo
por 58% desses gastos.
O registro de patentes, que garantem propriedade intelectual
sobre determinada invenção ou
produto, é considerado uma das
principais medidas de uma transição bem azeitada entre a pesquisa e o mercado. Nesse quesito, o
relatório da Fapesp mostra que
pouca coisa mudou no cenário
brasileiro: entre os 20 principais
detentores de patentes no Brasil
figura apenas uma empresa nacional, a estatal Petrobras.
Mas a questão das patentes também traz uma boa surpresa: áreas
estratégicas e de crescimento
científico e empresarial recente,
como a biotecnologia, aumentaram em mais de 100% sua participação nos pedidos de patentes feitos nos EUA por grupos paulistas
nos anos 90 (veja quadro à esq.).
O número de professores universitários com mestrado ou doutorado cresceu: passou de 44% em 1994 para 53% em 1998.
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