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COPENHAGUE 2009
Cúpula do clima racha governo do Brasil
Minc quer que país defenda um limite global de corte de CO2; posição não consta de documento distribuído por Dilma
Delegação define hoje sua posição; parte do grupo propõe prestar contas só dos projetos contra emissão bancados por estrangeiros
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Existe um racha no comando
da delegação que representará
o Brasil na conferência do clima, em Copenhague, e o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) insistirá que o país defenda
um limite global para a emissão
de gases de efeito estufa, além
de um monitoramento melhor
da quantidade de carbono lançada pelo país na atmosfera.
Embora a cúpula do clima tenha começado ontem, a delegação chefiada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) só define hoje em que termos se dará
a participação brasileira em
Copenhague. A reunião com os
ministros Celso Amorim (Relações Exteriores), Sergio Rezende (Ciência e Tecnologia) e
Minc será à tarde. O resultado
será o que a linguagem diplomática chama de "instrução"
para Copenhague, o conjunto
de posições que o Brasil defenderá no encontro.
As divergências até aqui não
são só retóricas. A principal
tem a ver com a contribuição de
países em desenvolvimento para o corte das emissões.
A versão preliminar da "instrução" brasileira foi distribuída aos demais integrantes da
cúpula da delegação só na sexta-feira passada. No texto, o
Itamaraty até acata o objetivo,
definido pelos 17 maiores poluidores, de que 2C seria o limite tolerável de aquecimento
do planeta até 2100, tendo como base a temperatura de antes da Revolução Industrial.
Para o Ministério de Meio
Ambiente, no entanto, não basta que Copenhague endosse o
diagnóstico do IPCC. Minc diz
querer que o Brasil defenda um
"espaço global de carbono",
com limites de emissões para
os países desenvolvidos e em
desenvolvimento.
Segundo estudos, para conter o aquecimento a 2C, o
mundo poderá emitir durante
o século até 1,8 trilhão de toneladas de carbono. Se o atual ritmo das emissões de gases-estufa não mudar, esse limite será
ultrapassado já em 2030. Para
o debate de amanhã, Minc levará proposta similar à contida no
projeto em trâmite no Congresso dos EUA, de reduzir em
80% as emissões registradas no
mundo em 2005 até 2050.
"Existem resistências a isso
na área diplomática", reconhece Minc. "É justo que os países
desenvolvidos tenham a maior
parte de responsabilidade nisso, mas a responsabilidade não
é só deles", completa o ministro
do Meio Ambiente.
Minc enfrentou resistências
semelhantes ao defender a proposta de o Brasil levar metas de
redução de emissões para Copenhague. Como país em desenvolvimento, o Brasil não está obrigado por ora a estabelecer nem cumprir metas.
O corte "voluntário" entre
36,1% e 38,9% em relação às
projeções para 2020 foi fixado
há menos de um mês pelo presidente Lula, apesar da oposição do Itamaraty e da ministra
Dilma Rousseff. Lula, que evitou o adiamento de uma definição das metas, ainda não está
em Copenhague.
Outra divergência relevante
alcança o monitoramento das
emissões de gases de efeito estufa no país. O Itamaraty defende que apenas as ações de
redução financiadas sejam objeto de monitoramento e verificação. Novamente, o Ministério do Meio Ambiente é contra.
E defende que sejam monitoradas todas as ações, independentemente de receberem financiamento externo.
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