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BIOÉTICA
Médico italiano diz que mulheres não pagaram para carregar cópia humana e chama críticos de "talebans éticos"
"Coordeno três gestações de clone", afirma Antinori
STEPHANIE HOLMES
DA REUTERS
Severino Antinori, o especialista italiano em fertilização humana
cujo objetivo é criar o primeiro
clone de uma pessoa, disse ontem
que três mulheres estão grávidas
com cópias humanas, mas reclamou que os bebês serão vistos como monstros por uma sociedade hostil a eles.
Antinori chamou a si mesmo de
"coordenador científico e cultural" dos projetos de clonagem e
afirmou que uma das gestações
está no décimo, outra no sétimo e
outra no sexto. "Uma coisa é certa: no país onde esses bebês nascerão, se o clima de perseguição não
mudar, quando o primeiro nascimento acontecer todos dirão que
o bebê é um monstro", disse Antinori numa entrevista coletiva.
Ele negou estar cuidando pessoalmente de qualquer uma das
gestações e recusou-se a dizer onde estão as mulheres, indicando
apenas que uma delas vivia num
país islâmico.
Apartado da maior parte da comunidade científica por sua recusa em abandonar a busca por um clone humano, Antinori disse que
40 pessoas estão envolvidas em
seu projeto, espalhadas por 18
países. "Não estou isolado. Há
medo de falar sobre essas coisas.
Está ocorendo uma criminalização das minhas atividades", afirmou o médico italiano.
De acordo com Antinori, as
mulheres grávidas passaram recentemente por ultra-sonografia
(que não revelou problemas) e foram todas voluntárias, que não
pagaram nada para se tornarem
mães de clones humanos.
Contudo, um antigo parceiro de
Antinori lançou dúvidas sobre as
supostas gestações, dizendo que
nenhuma pessoa da equipe original do projeto ainda estava participando. "Não acredito no que ele disse", afirmou o médico cipriota-americano Panayotis Zavos ao jornal Cyprus Mail, de Chipre. Zavos agora tem um projeto independente do de Antinori.
Na entrevista de ontem, o especialista italiano acusou o presidente americano, George W. Bush, de praticar "talibanismo ético" por causa de sua decidida
oposição à clonagem humana. "O Ocidente e a Europa simplesmente não são realistas em banir a clonagem. Bush quer colocar uma burca [traje das mulheres afegãs] em mim e em outros pesquisadores", disse Antinori.
"Eles têm que entender: reprodução, sexo, tudo o que está ligado à privacidade não pode ser controlado pelo Estado. O projeto
[de clonagem humana] vai dar a
milhões de pessoas a possibilidade de exercer seu ancestral direito
de se reproduzir", concluiu o pesquisador italiano, que afirma ter
um método seguro de clonagem.
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