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Começa nos EUA teste de células de embriões
Primeiro paciente já recebeu forma experimental da terapia, diz firma
Empresa americana
vai testar segurança do
tratamento em grupo de
dez pacientes; objetivo
é tratar paraplégicos
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA
O primeiro ser humano a
ser tratado com células-tronco embrionárias é um paciente de Atlanta, na Geórgia
(sul dos EUA), que se tornou
paraplégico depois de uma
lesão na medula espinhal.
Trata-se da primeira entre
cerca de dez pessoas com paralisia que receberão o tratamento experimental, oferecido pela empresa americana
Geron, nos próximos meses.
A identidade do doente não
foi revelada por enquanto.
A Geron anunciou ontem o
início dos testes, sem dar
mais detalhes sobre o paciente além do fato de ele estar internado no Shepherd
Center, hospital e centro de
pesquisa especializado em
lesões espinhais e cerebrais.
Para serem incluídos no
teste clínico, o primeiro de
seu tipo no mundo, os doentes escolhidos não podem ter
sofrido os ferimentos paralisantes mais de 15 dias antes
do transplante das células.
Acredita-se que essa seja a
"janela de oportunidade" do
organismo, antes que a cicatrização das lesões leve ao fechamento definitivo dos caminhos pelos quais os impulsos elétricos passavam pelos
nervos antes do acidente.
FAZ-TUDO
Fazer com que a passagem
de sinais nervosos volte a
funcionar é a principal missão das células-tronco embrionárias humanas.
Obtidas a partir de embriões com poucos dias de vida (veja quadro acima, à direita), sua principal característica é a versatilidade: conseguem se transformar em
quase qualquer tipo de tecido do organismo, dos músculos ao pâncreas (a única
exceção é a placenta, derivada de uma região diferente
do embrião, o trofoblasto).
Em particular, a equipe da
Geron está transformando as
células-tronco de embriões
em oligodendrócitos, uma
"família" de células do sistema nervoso cujo principal
papel é montar a fiação dos
nervos, por assim dizer.
Nas pessoas com lesão medular, é como se essa fiação
tivesse sido cortada. Dependendo da altura do corte ao
longo da espinha, a paralisia
atinge só as pernas ou todos
os membros do paciente.
Apesar da promessa terapêutica representada pelas
células embrionárias, sua
utilização continua marcada
pela polêmica. Como o primeiro passo para utilizá-las
envolve a destruição de embriões humanos, a Igreja Católica e outras denominações
cristãs consideram que seu
uso equivale a assassinato.
Tal condenação religiosa
vale também para embriões
que sobraram em tratamentos de fertilização in vitro e
acabariam sendo descartados pelas clínicas especializadas nesse procedimento.
O teste clínico da Geron cai
na categoria de fase 1, a mais
preliminar da pesquisa médica em seres humanos. O objetivo agora é testar a segurança do procedimento, e não
avaliar se é eficaz, embora
dados sobre esse ponto também possam ser recolhidos.
Com Reuters
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