São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

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Físicos da USP negam perseguição política

Grupo diz que professor que denunciou plágio de diretor foi "despejado" por decisão de um conselho

Danilo Verpa - 28.jun.07/Folha Imagem
O físico Mahir Hussein, da USP, que teve artigos "colados'

IGOR ZOLNERKEVIC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um grupo de professores do Instituto de Física da USP nega que seu colega Mahir Hussein e seus defensores tenham sofrido intimidações depois de acusarem um grupo de professores do instituto liderados pelo seu diretor, Alejandro Szanto de Toledo, de cometerem plágio.
Uma carta assinada por eles e publicada no boletim da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, no último dia 8, é mais um capítulo do conflito entre professores do instituto, que trocam farpas em público desde que a Folha revelou o caso, em junho do ano passado.
Hussein acusou Szanto e seus colaboradores de copiarem trechos de artigos seus. A Reitoria da USP criou uma comissão para investigar o caso, mas não divulga seu relatório final, concluído em abril.
A carta afirma que a reportagem da Folha de 3 de setembro, sobre a recusa da Reitoria da USP em divulgar o relatório, tem "fatos distorcidos", em decorrência de entrevistas dadas pelos professores que alegam perseguição no instituto.
"Consideramos claramente antiético o comportamento desses professores, que não se importam em manchar a reputação da instituição, desconsideram os procedimentos jurídicos, e que não são capazes de respeitar e debater idéias seguindo as regras básicas para uma convivência construtiva", afirmam os autores da carta, se referindo aos professores do instituto que defendem Hussein e alegam perseguição.
Os autores da carta não consideram, por exemplo, que o controle sobre quais cursos os professores do departamento de Hussein devem ministrar seja uma medida de retaliação, apenas uma conseqüência de uma reforma no sistema de ensino do instituto, aprovado pela maioria dos professores.
Os signatários da carta dizem ainda que a expulsão de Hussein de sua sala foi decisão de um conselho técnico e não uma ordem pessoal de Szanto.
"Não temos mais nada a acrescentar", respondeu por e-mail Elisabeth de Oliveira, uma das autoras da carta, ao ser procurada pela reportagem.
Os defensores de Hussein, entre eles Élcio Abdalla, do Departamento de Física Matemática, e Paulo Nussenzveig, do Departamento de Física Experimental, responderam com outra carta no mesmo boletim.
"Esses docentes (...) parecem querer inventar uma nova modalidade de falta ética: delito de opinião", dizem. "Respeito às instituições absolutamente não implica em falta de visão crítica da atuação daqueles que por elas são responsáveis. (...) O repórter [da Folha] procurou-nos para dar seguimento à reportagem que ele mesmo havia feito há mais de um ano.(...) Como docentes de uma universidade pública, consideramos importante atender a imprensa e manifestar nossa opinião quando consultados." Alejandro Szanto foi procurado pela Folha antes da publicação da reportagem do dia 3, mas não deu entrevista.


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