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Lei pode interromper 300 pesquisas em SC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A promulgação da lei que
proíbe o uso de animais em
pesquisas científicas em Florianópolis pode inviabilizar pelo menos 300 estudos que estão
sendo feitos hoje na UFSC
(Universidade Federal de Santa Catarina) na cidade. São
principalmente pesquisas que
visam compreender o funcionamento de algumas doenças e
testar novos medicamentos.
Entre os males investigados
estão os de Alzheimer e Parkinson, artrite-reumatóide, ansiedade e depressão. A universidade tem a tradição de estudar os
chamados remédios fitoterápicos, obtidos a partir de plantas.
O antiinflamatório de uso tópico (pomada) mais usado no
Brasil, por exemplo, o Acheflan, foi desenvolvido a partir
das pesquisas na instituição.
"Se ocorrer o pior [a lei for regulamentada com a proibição
ao uso de qualquer animal], o
prejuízo para a ciência vai ser
enorme", afirma Carlos Rogério Tonussi, presidente da Comissão de Ética no Uso de Animais da UFSC.
O pesquisador lembra que
hoje é impossível fazer esse tipo de pesquisa sem o uso de
animais. "Não dá para fazer como diz o vereador [Deglaber
Goulart, autor da proposta] e
simular tudo em computador.
Não existe computador no
mundo que seja capaz de simular a complexidade de um ser
vivo, o desenvolvimento de
uma doença", explica.
"Ainda não conhecemos o
mecanismo de uma série de
doenças. Antes de mais nada
precisamos observar como elas
evoluem para podermos tentar
tratá-las. Só em um ser vivo
conseguimos ver isso", diz.
"Infelizmente não existe um
robô que possa simular dor",
lembra o farmacologista João
Batista Calixto, da UFSC, um
dos pais do Acheflan. "Pesquisador não é carrasco. Mas é impossível avançar na busca de
novas drogas sem o uso de animais. A expectativa só aumentou porque fomos capazes de
desenvolver remédios."
Entre os trabalhos que podem ser prejudicados na UFSC
estão pesquisas de Calixto com
drogas candidatas a tratar câncer, diarréia, diabetes e dor.
(GIOVANA GIRARDI)
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