São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Lei pode interromper 300 pesquisas em SC

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A promulgação da lei que proíbe o uso de animais em pesquisas científicas em Florianópolis pode inviabilizar pelo menos 300 estudos que estão sendo feitos hoje na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) na cidade. São principalmente pesquisas que visam compreender o funcionamento de algumas doenças e testar novos medicamentos.
Entre os males investigados estão os de Alzheimer e Parkinson, artrite-reumatóide, ansiedade e depressão. A universidade tem a tradição de estudar os chamados remédios fitoterápicos, obtidos a partir de plantas. O antiinflamatório de uso tópico (pomada) mais usado no Brasil, por exemplo, o Acheflan, foi desenvolvido a partir das pesquisas na instituição.
"Se ocorrer o pior [a lei for regulamentada com a proibição ao uso de qualquer animal], o prejuízo para a ciência vai ser enorme", afirma Carlos Rogério Tonussi, presidente da Comissão de Ética no Uso de Animais da UFSC.
O pesquisador lembra que hoje é impossível fazer esse tipo de pesquisa sem o uso de animais. "Não dá para fazer como diz o vereador [Deglaber Goulart, autor da proposta] e simular tudo em computador. Não existe computador no mundo que seja capaz de simular a complexidade de um ser vivo, o desenvolvimento de uma doença", explica.
"Ainda não conhecemos o mecanismo de uma série de doenças. Antes de mais nada precisamos observar como elas evoluem para podermos tentar tratá-las. Só em um ser vivo conseguimos ver isso", diz.
"Infelizmente não existe um robô que possa simular dor", lembra o farmacologista João Batista Calixto, da UFSC, um dos pais do Acheflan. "Pesquisador não é carrasco. Mas é impossível avançar na busca de novas drogas sem o uso de animais. A expectativa só aumentou porque fomos capazes de desenvolver remédios."
Entre os trabalhos que podem ser prejudicados na UFSC estão pesquisas de Calixto com drogas candidatas a tratar câncer, diarréia, diabetes e dor. (GIOVANA GIRARDI)

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