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BIOLOGIA
Moscas e vermes vivem mais
Composto de vinho pode estender a vida
MARCUS VINICIUS MARINHO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Não é de agora que comer menos é considerado pela ciência um
dos principais métodos para prolongar a vida. O que não se sabia é
que é possível utilizar substâncias
para imitar esse efeito de longevidade (ao menos em moscas-da-fruta e pequenos vermes) sem o
uso de dieta alguma. E um desses
compostos está presente em uma
bebida bem popular: vinho tinto.
O consumo de poucas calorias
aumenta o tempo médio de vida
de várias espécies, das leveduras
ao homem. Os cientistas conseguiram burlar essa regra estimulando a sirtuína (proteína que regula a ligação entre longevidade e
restrição de calorias) sem ter de
impor uma dieta rígida. Assim,
comendo o mesmo, mas usando
"compostos ativadores de sirtuína" (STACs, em inglês), as moscas estudadas (drosófilas) aumentaram sua vida em até 29%. Já
os vermes da espécie C. elegans
viveram, em média, 14% mais.
Das substâncias utilizadas, a
mais efetiva foi o resveratrol, um
composto da película interna da
casca de uva considerado o responsável pelos efeitos benéficos
do vinho à saúde.
Segundo o líder do estudo publicado na "Nature" (www.nature.com), David Sinclair, da Universidade Harvard (EUA), a descoberta abre a possibilidade da
criação de uma pílula para aumentar o tempo médio de vida
sem uso da restrição calórica.
"Essa substância [resveratrol]
pode estender a vida de todos os
organismos que testamos", diz.
Ao contrário da ligeiramente
mais eficaz restrição calórica
(que, em drosófilas, aumenta a vida em até 40%), as STACs não reduzem a fertilidade -as moscas
aumentam seu número de ovos.
Sinclair está agora testando o
composto em camundongos. "Aí
veremos. Roedores são um modelo muito melhor que moscas ou
vermes", diz Leonard Guarente,
especialista do MIT (Instituto de
Tecnologia de Massachusetts).
Com Reuters
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