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São Paulo, quinta-feira, 25 de dezembro de 2003

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Europa planeja vôo tripulado depois de 2030

DA REPORTAGEM LOCAL

A ESA tem planos grandiosos para a futura exploração do planeta Marte. Mas tudo dependerá do sucesso das sondas Mars Express e Beagle-2, que hoje começam a fase mais arriscada de suas missões. Caso sejam bem-sucedidas, abrirão o caminho para um futuro jipe automatizado de pesquisa exobiológica, uma missão de retorno de amostras e, finalmente, um vôo tripulado.
A próxima missão européia a Marte deve ocorrer em 2009, com o ExoMars -um pequeno veículo de seis rodas capaz de se deslocar sobre a superfície e fazer pesquisa de forma móvel, exatamente como planejam fazer os Mars Exploration Rovers, jipes da Nasa, a partir de janeiro. A diferença é que, como o Beagle-2, o ExoMars estará à procura de sinais de vida extraterrestre.
"Ele não só vai procurar sinais de vida passada ou presente no planeta, como também procurará potenciais ameaças a humanos", diz Bruno Gardini, gerente de projeto do Programa Aurora, o mapa de longo prazo para a exploração européia, tripulada e não-tripulada, do Sistema Solar.
O próximo grande passo seria a missão de retorno de amostras, que já está sendo estudada preliminarmente pela agência européia. "A missão de retorno de amostras é um grande marco na estrada da exploração: é uma missão de interesse científico muito alto e também a primeira missão robótica representativa de uma missão humana", afirma Gardini. "Obviamente, antes que possamos enviar homens a Marte, temos de demonstrar um modo confiável de ir até lá e voltar."
A missão de retorno de amostras, pelos planos do Aurora, aconteceria por volta de 2014. Depois disso, o caminho já estaria desenhado para o planejamento de uma missão humana.
Embora a ESA pense nessa missão como algo 100% europeu, os planejadores sabem que não deve acontecer desse jeito. "Uma missão de tamanha complexidade só pode se tornar realidade como um esforço internacional", diz Gardini. "Não há agência ou país que possa bancá-la sozinho."
Os recém-anunciados planos europeus prevêem uma missão tripulada entre os anos de 2030 e 2033. Antes disso, um vôo com astronautas até a Lua, por volta de 2024, testaria os sistemas cruciais para a exploração marciana.
Esse, entretanto, é o melhor dos cenários. A realidade é que menos da metade das sondas já enviadas a Marte atingiram seus objetivos.
A própria Nasa precisou fazer uma grande reformulação de seus planos em 1999, após a perda das sondas Mars Polar Lander e Mars Climate Orbiter. Os russos, apesar das várias tentativas, nunca fizeram grandes avanços na exploração marciana. E o Japão acabou de perder sua nave, a Nozomi, a caminho do planeta.
Caso a Mars Express seja um fracasso, o plano B da ESA é converter a Venus Express, ainda em preparação, numa repetição da missão marciana -e repensar todos os projetos futuros. (SN)


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