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RUMO AO ESPAÇO/A MÁQUINA
Nave russa que levará brasileiro mudou pouco desde sua primeira versão, de 1967
Soyuz é uma anciã confiável
DA REPORTAGEM LOCAL
A visita à Estação Espacial Internacional passa por uma carona
na venerável espaçonave russa
Soyuz. A versão atual do veículo,
designada TMA (transporte modificado avançado, na sigla), não é
muito diferente da que voou pela
primeira vez em 1967.
Fruto do gênio do engenheiro
aeroespacial soviético Sergei Korolev (1906-1966), a Soyuz representa a maior simplicidade possível em vôo espacial -o que se
traduz em segurança. Embora os
russos tenham chegado a desenvolver uma réplica do ônibus espacial americano, logo perceberam que a manutenção de suas estações tripuladas no espaço saía
muito mais barata com o uso de
naves Soyuz e Progress (cargueiro
em tudo semelhante à versão usada para transporte humano).
É o velho, mas funcional, conceito de nave "descartável". Diferentemente dos ônibus espaciais,
uma Soyuz só é usada uma vez.
Dos três módulos que a compõem, apenas um retorna em segurança, o que contém os cosmonautas. Os outros dois queimam
na atmosfera. Mesmo a cápsula
retornada não tem durabilidade
suficiente para enfrentar novo
vôo. Ou seja, cada missão exige a
fabricação de um novo veículo.
Imagine montar um carro que
só faz uma viagem. Se pensarmos
em qualquer outro meio de transporte, não faz sentido. Mas para
enfrentar os rigores das viagens
espaciais, que envolvem atingir a
velocidade de vôo orbital (cerca
de 28 mil quilômetros por hora,
30 vezes mais rápido que um
avião de passageiros convencional), por enquanto, esse é o jeito
mais barato e seguro.
Se segurança e simplicidade são
os fortes -nunca ninguém morreu numa decolagem de Soyuz-,
conforto não é a prioridade dessas
naves russas. O espaço interno é
para lá de claustrofóbico: o volume habitável (lembre-se de que,
em um ambiente de microgravidade, dá para se mover nas três dimensões) é de 10 metros cúbicos,
mais ou menos o equivalente a
um cubo de 2,2 metros de lado para três pessoas.
Trancos
Além disso, os cosmonautas sofrem com a escalada até a órbita
-mais rápida e, portanto, mais
acelerada que a dos ônibus espaciais americanos.
Eles levam vários trancos, para
frente e para trás, com a separação de cada estágio do foguete, e a
rápida aceleração se soma à gravidade para fazer com que eles se
sintam mais de quatro vezes mais
pesados do que na Terra (sensação de "4,5 G", na linguagem dos
aviadores). Nos ônibus espaciais,
a sensação máxima é de 3 G.
A nave que levará o astronauta
Marcos Cesar Pontes e seus colegas Pavel Vinogradov (Rússia) e
Jeffrey Williams (EUA) é a oitava
do modelo mais recente, fabricado especialmente para uso em conexão com o projeto da Estação
Espacial Internacional. Daí sua
designação, Soyuz TMA-8.
As mudanças mais significativas feitas na Soyuz TMA, em
comparação com sua antecessora
(Soyuz TM), foram atualizações
em seus sistemas de computador
e uma reforma do espaço interno
da cápsula de retorno, permitindo
tripulantes com até 1,90 m (antes
da TMA, que estreou em 2002, a
altura máxima era de 1,82m).
(SN)
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