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Chef expõe relação visceral com a comida

Livro de Gabrielle Hamilton, cozinheira do aclamado restaurante Prune, em Nova York, é lançado em português

'Sangue, Ossos & Manteiga' relata o submundo da cozinha, com casos amorosos, clichês e palavrões

CRISTIANA COUTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Muita expectativa cercou o lançamento, em março, de "Sangue, Ossos & Manteiga", livro memória da chef Gabrielle Hamilton, que ganha, agora, versão em português.

O cozinheiro Mario Batali elogiou a obra da escritora e chef do aclamado restaurante Prune, em Nova York.

Anthony Bourdain, chef, escritor e apresentador, foi mais longe: numa declaração exagerada à imprensa, disse que o livro era "simplesmente o melhor relato já escrito por um chef".

De fato, "Sangue, Ossos & Manteiga" tem todos os elementos que fizeram do livro de Bourdain, "Cozinheiro Confidencial", um sucesso editorial: há consumo de drogas (Gabrielle usou cocaína aos 13 anos) e revelações do submundo da cozinha (o "caixa dois" no Lone Star Café, de Nova York, onde trabalhou como garçonete), temperados aqui e ali por aventuras amorosas, clichês e palavrões.

A diferença, porém, é que Bourdain, com sua veia cáustica, reúne esses elementos numa prosa eletrizante.

Além disso, o chef do Les Halles escreveu sua obra uma década antes de Gabrielle, e teve uma vida bem mais excitante. Por que, então, tanto barulho em torno do livro?

ESTILO

Talvez a explicação esteja, mais do que no estilo, nas lembranças da autora, sobretudo as da infância, que costuram sua relação profunda e visceral com a comida.

Filha de uma ex-bailarina francesa e de um cenógrafo, Gabrielle cresceu numa cidadezinha da Pensilvânia.

Ao lado de quatro irmãos, participou das festas memoráveis promovidas pelo pai, com cordeiros inteiros assados em espeto e cenários que só ele sabia recriar.

Desde cedo, aprendeu com a mãe a "amar a comida" -ao contrário do que, diz ela, aprenderam as crianças para quem cozinhou num acampamento de férias.

"Minha mãe sabia como extrair tudo o que era comestível da canela ou do pescoço de um animal", conta.

Nem o divórcio dos pais, que desmantelou a família e a jogou numa trilha errática, nem a pós-graduação numa universidade, a afastaram de sua vocação, cozinhar.

Aberto em 1999 como um restaurante "para vizinhos", o Prune tornou-se, segundo o crítico do "The New York Times" Frank Bruni, um lugar "amado com fervor" por sua "indulgência extravagante".

O livro é o relato do longo percurso de uma cozinheira em busca dessa comida segura e confortável com a qual cresceu e com que conseguiu, à moda do pai, "mudar um pequeno canto do mundo, preparando um jantar".

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