Índice geral Comida
Comida
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

A Gourmet

Tendências gastronômicas mundo afora

O descobrimento do Brasil, parte 2

ALEXANDRA FORBES

Para cada chef culto que chega aqui há dezenas que não sabem a diferença entre a cachaça e o rum

Com o Brasil tão na moda, o que antes seria impensável começa a acontecer: nomes famosos da cena gastronômica mundial têm vindo comer e cozinhar por aqui em números crescentes. Muitos caem de paraquedas, como o canadense David Rocco, que esteve há pouco no Rio filmando episódios para um novo seriado sobre a nossa comida.

"Eu me decepcionei, confesso. Achava que os brasileiros gostassem mais de cozinha, mas vi pouca variedade e sofisticação, era tudo simplório e pesado", me disse ele.

A produção do programa o filmou comendo em Ilha Grande e em favela carioca -uma comédia de erros.

Comeu em bares da zona sul escolhidos a esmo. Mandei-lhe dois livros, pedindo que fizesse a lição de casa antes da próxima visita.

Já a americana Dana Cowin, diretora de Redação da "Food + Wine" -revista de gastronomia de maior circulação do mundo- ao vir ao Rio no Natal pediu seus conselhos a gente mais esclarecida, o chef francês Claude Troisgros.

Levou a família ao Aconchego Carioca e mergulhou de cabeça na farta moqueca do Bira. Mas mesmo ela pouco sabia, parecia confusa ao deparar-se com ostras de Búzios.

"Alguém sabe mais sobre o assunto?", perguntou, no Twitter.

Deus queira que ela tenha tido o bom senso de não prová-las. Nesse caso a desinformação não só é frustrante, como perigosa. Molusco, mangue poluído e alta temperatura são uma combinação letal. "E, que eu saiba, não há ostras em Búzios", notou o famoso chef argentino Francis Mallmann quando contei-lhe a história. Ele morou lá anos atrás.

Mallmann está em Trancoso, na Bahia, tocando uma filial de seu concorrido restaurante Los Negros, em Punta del Este. Descolou um peixeiro que lhe entrega pela manhã, de moto, o melhor do que se pesca por lá. Em sua temporada baiana Mallmann já provou (e gostou) bolo de fubá e chocolate da Amazônia. Pena que ele seja minoria.

Para cada "foodie" culto e curioso que desembarca aqui há dezenas que não sabem a diferença entre a nossa cachaça e o rum.

NA PRÓXIMA QUARTA:
O Faminto, de André Barcinski

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.