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Crítica restaurante Viés turístico prejudica Coco Bambu Excesso de molhos esconde o sabor dos pescados do Ceará, que são o orgulho do restaurante JOSIMAR MELOCRÍTICO DA FOLHA A unidade paulista do restaurante cearense Coco Bambu é impressionante. Mal abriu as portas, em maio, e já angaria um considerável movimento, mesmo para o gigantismo do local. Instalado onde foi o TGI Friday's na Vila Nova Conceição, ocupa quatro andares com bar, salão, varanda, com cerca de 500 lugares. A marca nasceu em 2001 em Fortaleza, pelas mãos do casal Daniela, 45, e Afrânio Barreira, 54, que já tinha uma casa de pastel. Eles se uniram a dois amigos para abrir o restaurante, e hoje já são nove, em várias cidades. O orgulho do Coco Bambu são os pescados do Ceará. Mas eles são servidos com um viés turístico que afeta a sofisticação nos pratos. O cardápio tem fartura excessiva -são muitos pratos (35 de petiscos e entradas, 55 só de pescados, dez de carnes), todos imensos (sem meia porção), algo irritante para clientes sozinhos ou que não queiram comer a mesma coisa. Não é tão fácil saborear os pescados com seu próprio gosto, pois há uma profusão de gratinados e molhos com leite, creme de leite, creme de mandioca, queijos (alguns ingredientes mais comuns aos pratos de carne do sertão do que aos peixes do litoral), artifícios que parecem (só parecem) sofisticar os pratos. Bom exemplo é o carro-chefe "camarão internacional" (camarões sobre arroz cremoso com ervilhas e presunto, molho branco gratinado com mozarela, mais batata palha). Deu pra pescar? As porções gigantes começam nas entradas: a carne de sol (em cubinhos, refogada com cebola roxa e coentro, servida com mandioca ao leite) é imensa, os pastéis (como o de lagosta) equivalem aos de feira paulistanos. Das dezenas de itens do menu, onde se encontra melhor o produto é no prato rede de pescador, com lagosta, camarão, mexilhões, peixe e lula (para cinco pessoas; se reclamar do tamanho, dirão que há embalagens para viagem. Mas por que ser obrigado a pagar por quatro porções para comer uma?). Outro prato que foge dos cremes é o sirigado ao forno (filé de peixe assado com legumes, servido com farofa de banana. Com pinta baiana, há uma boa moqueca cearense de peixe e camarões com leite de coco e azeite de dendê, servida com pirão de camarão e farofa de dendê. Entre as sobremesas, a cartola (banana frita com queijo coalho, açúcar e canela).
COCO BAMBU JK |
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