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Lima idolatra chef Acúrio durante feira gastronômica

No Mistura, o mais famoso chef peruano é celebrado pelos lavradores

ALEXANDRA FORBES
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

Desculpando-se pela ausência do presidente peruano Ollanta Humala, a primeira-dama, Nadine Heredia, inaugurou, no último dia 6, a quinta edição da feira gastronômica Mistura, em Lima. É nela que brilha a comida de rua, preparada por centenas de cozinheiros vindos de diferentes partes do Peru.

"Nossa cozinha está se irradiando pelo mundo", disse. Heredia, entretanto, não ofuscou a atenção dedicada a Gastón Acurio, o mais

famoso e carismático chef do Peru, dono do Astrid y Gastón e inúmeros outros restaurantes pelo mundo -e fundador do evento.

No ano passado, Acurio transferiu a direção do Mistura para a Associação Peruana de Gastronomia: "Outros vão dar continuação ao que começou como um pequeno sonho meu", disse.

Apesar do desligamento oficial, seu nome estava na ponta de todas as línguas. Gastón Acurio é perseguido por multidões, precisando de seguranças para andar. Neste ano, evitou passear pela feira -não só pelo assédio dos fãs, mas porque temia se chocar com manifestantes.

Um grupo se opôs às obras no parque Campo de Marte em preparação para a feira e aos incômodos que os moradores dos entornos sofrem com o trânsito pesado, o barulho de buzinas, os shows e a fumaça das barracas.

No olho do furacão, Acurio, um tanto hesitante, aceitou guiar a reportagem do "Comida" pela feira. "Sempre vai haver gente do contra. Mesmo que eu não seja mais o organizador, sou o primeiro alvo, faz parte...", disse.

"UNA FOTITO"

Já na feira, só se viam admiradores incondicionais de Acurio. "Una fotito por favor!" e "Gastón, un autógrafo!", diziam. De senhoras idosas a criancinhas e estudantes, tentavam furar o bloqueio dos guarda-costas.

Sob uma grande tenda de palha, lavradores andinos, vestindo trajes típicos e com ouro nos dentes, estavam nervosos e emocionados com a presença do chef-estrela. Acurio ia dando apertos de mãos, posando para fotos, provando amostras.

Havia batatas de inúmeros tamanhos e cores, muitas irreconhecíveis, inclusive uma do tamanho de uma melancia que se parece com uma raiz de árvore.

"Para que as batatas durem o ano todo, desidratam-nas no gelo dos Andes", explicou, mostrando o que pareciam ser pedras esbranquecidas na forma de bolas de golfe.

"Gaston, prove nosso churro!", exclamou um lavrador de tubérculos. Explicou que em sua receita do doce frito usa farinha não de trigo, mas de maca, tubérculo peruano. "Isso nunca vi antes", confessou o chef. "E está gostoso!".

Um senhor explicou porque planta 70 variedades distintas de quinoa, um dos grãos icônicos do Peru, em sua chácara nos Andes : "Cultivo o necessário, e é necessário porque é nosso dever manter a biodiversidade".

Segundo Acurio, esse espaço, montado como uma feira onde expõem-se e vendem-se também pimentas, frutas da selva, queijos e muito mais, serve para mostrar aos próprios peruanos o que eles têm em seu país.

Acurio circulou ainda pela área da chamada "cozinha rústica": estações com fogueiras, fornos e fogões a lenha, e porcos assados no fogo de chão ou em tambores de lata e panelões de cozidos.

Parou em uma das barracas mais populares, a La Caja China, em que se assam porcos em caixotes metálicos. Mandou que abrissem uma delas e partiu o porco pela metade usando a borda de um prato. "Provem", disse, estendendo nacos de pele supercrocante.

Estima-se que 600 mil pessoas compareçam à feira até este domingo, dia 16. Apesar das filas e da lotação, o clima é razoavelmente tranquilo, com famílias comendo em mesas de piquenique.

A jornalista ALEXANDRA FORBES viajou a convite da PromPerú

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