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Fogo alto - Rodrigo Oliveira

Cada um tem seu "PF" predileto

Comida sem frescura

O Ita reúne as três qualidades básicas de um grande prato-feito: sabor, preço e rapidez

O que seria do trabalhador se não fosse o prato-feito?
Adoro a simplicidade do nome: prato-feito. Dá uma sensação de segurança, de conforto, de prazer corriqueiro. Nada como se sentar naquele local que você já conhece e pedir o prato que você já conhece para o garçom que você já conhece.
Por isso, na hora de almoçar, volto sempre aos mesmos lugares.
E muitas vezes me pego inconscientemente andando em direção ao Ita (rua do Boticário, 31, São Paulo,
tel. 0/xx/11/3223-3845), um botecão próximo ao largo do Paissandu.
A razão me diz para não voltar. Afinal, o Ita fica num dos lugares mais degradados do centro, um
cenário quase pós-apocalíptico de sujeira e descaso público. Mas, na vida de um esfomeado, há coisas que a própria razão desconhece.
Se eu tivesse de votar no melhor "PF" da cidade, escolheria o Ita.
Claro que escolhas desse tipo são totalmente arbitrárias e sujeitas à mil circunstâncias. Cada um tem seu "PF" predileto (aliás, quem quiser sugerir o seu, escreva para andrebarcinski.folha@uol.com.br, que publico as melhores dicas).
Mas o Ita reúne as três qualidades básicas de um grande "PF": sabor, preço e rapidez. O lugar é muito simples, com um grande balcão de mármore em formato de "W". O cardápio é extenso, com pratos tradicionais, como rabada, dobradinha e feijoada (a "Carioquinha", servida no prato), e ótimas carnes.
Perdi a conta de quantas vezes pedi o "Paissandu", um prato de arroz, feijão, bife e ovo frito (R$ 8,50), verdadeira salvação dos motoboys paulistanos. Aos sábados, o Ita serve um bom bacalhau ao forno. Custa R$ 22 e dá para dividir.
Três coisas que adoro no lugar: serve sucos naturais, boas sobremesas (o pudim de leite é excelente) e os garçons calculam a conta a lápis, no próprio balcão. Um charme.
Enquanto o Ita e outros "PFs" paulistanos resistirem à avalanche dos restaurantes por quilo, continuarei fiel. Nada contra comida por peso, mas acredito que o quilo está para o prato-feito assim como o MP3 está para o vinil: é mais conveniente, mas não tem o mesmo sabor.
Assunto para outra coluna.

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