São Paulo, quinta-feira, 03 de novembro de 2011 |
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Jantamos no 41 Grados, o novo El Bulli Com Albert, o irmão caçula, Ferran monta menu-degustação de 41 pratos para somente 16 comensais por noite Bar se transforma em restaurante de vanguarda, com aura cool, luz baixa e decoração moderna ALEXANDRA FORBES EM BARCELONA O chef Ferran Adrià acaba de inaugurar com o irmão caçula, Albert, uma versão miniatura, urbana e bem mais casual do El Bulli -o premiadíssimo restaurante que fechou as portas em julho. Para isso, mudaram o conceito do 41 Grados (www.41grados.es), o pequeno bar que os irmãos abriram em Barcelona pouco antes do fechamento do El Bulli. Ele foi transformado em um restaurante de vanguarda, e agora serve jantares surrealistas de 41 pratos para 16 comensais por noite (por € 153, com coquetéis, sem vinho). Albert é quem dá plantão diariamente, comandando a saída dos pratos como um maestro, em pleno salão. O menu elaborado por ele incorpora invenções recentes e vários minipratos pinçados do repertório do El Bulli. Há clássicos vintage, como o corte de parmesano (sorvete de parmesão ensanduichado entre biscoitos crocantes) e os pistachulines (pistaches envoltos em lindo "véu" branco com gosto acidulado de iogurte), ambos hits "bullinianos" de 1997. Quem nunca provou o celestial brioche recheado de queijo St Marcelin -um disco levemente tostado de ambos os lados com gosto e textura de um pão de queijo, mas triplamente saboroso -agora terá nova oportunidade. Há ênfase nos presuntos ibéricos e nos peixes e frutos do mar, como o atum, que aparece em dois dos bocados mais deliciosos: um minitemaki picante e um falso niguiri sushi (em que a nuvem branca de arroz desintegra-se ao pousar sobre a língua). Os pequenos bocados líquidos, sólidos, espumosos ou congelados do menu-degustação -o único disponível- dão a volta ao mundo. Um caldo de jamón ibérico com fiozinhos de alcachofra inspira-se na China; um glóbulo de creme de milho temperado com pimenta chipotle e servido sobre meio limão homenageia o México; o disco gelado de coco com fortes sabores de limão e curry vermelho resume a Tailândia em poucos matizes de sabor, e o tiradito com molho leche de tigre de pimenta ají reflete o fascínio crescente dos Adrià pela comida sul-americana. Nota-se a mão de Albert na trilha sonora que acompanha a progressão de sabores e humores. Cinéfilo e diretor de curtas, compôs um setlist cinematográfico que começa zen e tem momentos ora épicos, ora românticos. Progride e pega embalo até chegar ao rock do final, quando já é permitido acesso dos clientes que querem tomar um drinque (a partir da meia-noite). As diferenças entre o El Bulli e o 41 Grados são tão numerosas quanto as semelhanças. O novo restaurante, além de muitíssimo menor, tem aura cool, luz baixa e décor urbano e moderno. Oferece curta lista de vinhos, focando mais na coquetelaria. Para provar, é preciso fazer reserva por e-mail (experience@41grados.es). São admitidas apenas mesas de duas ou quatro pessoas. Temendo comparações entre o novo e o extinto, os Adrià têm mantido a novidade relativamente resguardada. A hora para quem quiser boas chances de conseguir uma mesa, portanto, é agora. ALEXANDRA FORBES é jornalista gastronômica e "foodtrotter" Texto Anterior: Nina Horta: Comida brasileira de verdade Índice | Comunicar Erros |
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