São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2011

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A MULHER QUE COMEU DE TUDO

Rosa Moraes acumula 92 estrelas 'Michelin' em suas comilanças

LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO

Nem sequer os sabores tinham se desfeito na boca, Rosa Moraes descreveu em detalhes o almoço que havia acabado de fazer no restaurante do inglês Heston Blumenthal, o Fat Duck.
Estava num trem a caminho de Londres, a salivar, resistindo à ligação entrecortada para colocar em palavras a experiência de ter passado por aquela casinha despretensiosa, de 200 anos, com teto baixo e imperfeições.
A mesa estava vazia. Sem nada, nada. É servido um chá verde nitrogenado com musse de limão, que, na boca, "explode e limpa o paladar".
A imagem do "sound of the sea" (barulho do mar), prato emblemático de Blumenthal, está fixa na cabeça: "É uma versão do mar. Um iPod dentro de uma concha, com barulho de ondas, de gaivotas como se você estivesse na beirinha do mar, sozinha". Tem espuma de algas, areia de tapioca, três tipos de peixe.
Outras tantas imagens estão presas à memória de Rosa, 53, diretora de hospitalidade e gastronomia da americana Laureate, maior rede de universidades do mundo.
Pudera. Ela come de tudo. E sempre. Sem perder a elegância. Se somar todos os restaurantes que já visitou na ponta do lápis, alcança o total de 92 estrelas "Michelin".
São lugares como o Alinea, de Grant Achatz, em Chicago, o French Laundry, de Thomas Keller, na Califórnia, o El Bulli, de Ferran Adrià.

BASTIDORES
Em 2007, enfrentava um calor insuportável em Chicago, enquanto zanzava em busca de um traje para a noite e topou, ao acaso, com Adrià.
Naquela noite, era convidada do americano Charlie Trotter para um jantar de US$ 5 mil com os sete mais prestigiados chefs do mundo. Uniam forças a ele Daniel Boulud, Thomas Keller, Tetsuya Wakuda, Heston Blumental, Pierre Hermé e Adrià.
São bastidores divertidos: foi ao aniversário de 50 anos do chef Daniel Boulud, celebrado em uma "casa de quatro andares perto do Central Park", de "um senhor judeu".
Já caiu até em pista de dança com a turma da cozinha e se passou por garçonete só para conhecer de perto o mais respeitado crítico de vinhos -o americano Robert Parker.
Ficou deslumbrada com o mercado de peixes de Tóquio, com o açougue mais antigo de uma cidadezinha próxima à Toscana, com o gafanhoto frito que provou no México.
E ainda pretende desbravar o Brasil -foi ela, aliás, a primeira cicerone de chefs como François Payard e Anthony Bourdain por aqui.


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