São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2011 |
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COZINHA SENTIMENTAL MEMÓRIAS DA PONTA DA LÍNGUA A viagem de Chihiro Chef japonesa se encanta com o Brasil e faz curso de culinária regional para aprender pratos típicos PRISCILA PASTRE-ROSSI DE SÃO PAULO Chihiro Fukushima, 29, nasceu na cidade de Kikugawa, na Província de Shizuokano, no Japão. Mas poderia ter nascido no Brasil. Cresceu comendo nikujaga (cozido de carnes e legumes). Mas queria ter crescido comendo cozido nordestino. No restaurante onde trabalhava, temperava os pratos com dashi (caldo de peixe). Mas curte mesmo é cozinhar com azeite de dendê. Sua paixão pelo Brasil começou com o feijão. Foi a primeira palavra que Chihiro aprendeu a falar em português. E o primeiro sabor brasileiro que experimentou. Foi por causa dele -do feijão- que ela estudou português durante três anos. A ideia era se preparar para morar algum tempo no Brasil e aprender a culinária e os ingredientes regionais. Há três meses, Chihiro deixou o namorado e o restaurante onde trabalhava, na cidade de Hamamatsu, rumo ao bairro dos Jardins, em São Paulo, para as tão esperadas lições de cozinha brasileira. Na sua primeira aula, no restaurante Na Cozinha, lá estava o feijão de novo. "O primeiro prato que aprendi a fazer foi a feijoada com arroz, couve e farofa", conta. Depois de três meses de curso, planejado para "passear" por receitas de todas as regiões do país, o feijão virou passado para Chihiro. PELE LINDA E agora ela cultiva novas paixões: "Adoro o cozido nordestino [que mistura carnes, legumes e verduras] e o caldo de mocotó, que deixa minha pele linda", diz. Entre os doces, gosta de torta de banana, que aprendeu nas aulas. De tudo o que experimentou, só não gostou de arroz-doce. "Açúcar e canela no arroz? Tenho arrepios só de pensar." Antes de voltar ao Japão, no próximo mês, Chihiro passará alguns dias em João Pessoa, na Paraíba. Não quer ir embora do Brasil sem antes experimentar uma autêntica e saborosa buchada de bode. Para marcar o final do curso, fará dois jantares de despedida na escola em que estuda. O cardápio será nipo-brasileiro e terá creme de hausá [feito com camarão e carne-seca, azeite de dendê, cebola e alho], arroz de pato no tucupi com shisô e farofa de shiitake com nirá. A sobremesa será manjar de coco com calda de umê, uma ameixa japonesa. Texto Anterior: Fogo alto - Lourdes Hernández: Prazer até a última colherada Próximo Texto: As sete razões para Chihiro amar o Brasil Índice | Comunicar Erros |
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