São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2011 |
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cozinha fashion Para tirar o aspecto de uniforme, costureiro faz jalecos brancos e chapéus de mestre-cuca com o estilo pessoal dos chefs mais famosos de São Paulo JULIANA CUNHA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Eles transitam entre fogões, facas, carne crua e um salão cheio de clientes que vieram arrumadinhos experimentar seus temperos. Com aspecto de farda, a roupa de cozinheiro é das mais difíceis de imprimir algum estilo, mas não é todo chef que abre mão de um pouco de glamour. Hugo Delgado, dono do Obá, por exemplo, manda bordar seus aventais no México. André Razuk, 45, é o costureiro de dólmãs -aquele jaleco branco de cozinha - usados por chefs como Salvatore Loi, do Fasano. Hoje amigo pessoal dos cozinheiros, Razuk começou aos 14 anos costurando bisnagas de tecido para uma pizzaria. Largou a massa pelo curso de modelagem e abriu seu ateliê no Brooklin (SP), onde faz 1.600 peças por mês para 200 clientes que pagam entre R$ 60 e R$ 300 pela bata. Alguns chefs fazem pequenas exigências, como Tsuyoshi Murakami, do Kinoshita, que pede uma gola com detalhe preto e ar oriental. O gosto do costureiro, no entanto, é mesmo pelo clássico, com dez botões frontais revestidos de tecido. "Roupa de cozinha pra mim é branca e simples porque o destaque tem de ser a comida", diz. Na hora de pilotar o fogão, beleza é requisito secundário. O que a roupa precisa mesmo é proteger a comida dos pelos e o cozinheiro do calor, das facas e do molho quente no fogo. O dólmã é uma peça de origem militar que não nega as origens. Na guerra, assim como na cozinha, é preciso proteger o corpo, mas também manter uma certa pose. Para isso, André constrói suas peças com três tipos de tecidos térmicos e trechos de tela para suportar o calor. Enquanto os homens parecem se satisfazer com dólmã e toque -aquele chapéu de mestre-cuca-, as mulheres dão pitadas mais femininas ao uniforme de guerra. Helena Rizzo, do Maní, usa panos coloridos na cabeça. Flávia Mariotto, da Mercearia do Conde, usa dólmãs estampados e faixas de chita. Já a argentina Paola Carosella, do Arturito, substitui a touquinha por lenços da grife francesa Hermès. A moda começou quando comandava a cozinha do Figueira Rubaiyat. Ao notar o incômodo da chef em usar touca (que não é obrigatória em Buenos Aires), Belarmino Iglesias, dono do restaurante, trouxe de presente o primeiro lenço da coleção. Desde então, só cozinha com eles. "São mais charmosos e esquentam menos." Carla Pernambuco, do Carlota e do Las Chicas, gostou tanto de inovar no uniforme que criou sua própria linha de aventais estilizados. Ela usa um avental de patchwork por cima do jaleco, para quebrar o branco. "Comecei desenhando para mim e a mãe da Carolina, minha sócia, costurava. Os clientes gostaram tanto que agora ela manda os modelos do interior e a gente vende." A linha de aventais tem cinco modelos (R$ 90 a R$ 120). Texto Anterior: Fogo alto - Lourdes Hernândez: Eva e a primeira mordida na maçã Próximo Texto: A gourmet - Alexandra Forbes: A última ceia no El Bulli Índice | Comunicar Erros |
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