São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2011 |
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FOGO ALTO A visão de quem cozinha RODRIGO OLIVEIRA As minhas duas melhores receitas
De férias com a família, percorremos Portugal desde o começo do mês. A escolha do destino foi diretamente ligada à comida. Sopa de pedra, porco preto, ovos moles e outros clássicos estavam listados. Mas, dentre muitos vinhos, paisagens e pessoas diferentes, quero falar de uma descoberta maior do que o leitão da mealhada ou a legítima broa portuguesa. Mesmo tendo percorrido do Algarve ao Vale do Douro, o que mais me emocionou foi descobrir a relação das minhas filhas com a comida e o seu amadurecimento ao longo dessa jornada. Como cozinheiro, raramente faço refeições em família. Por isso, cultivo em casa o hábito de fazer do café da manhã uma refeição especial. Comemos sempre juntos eu, Ligia e nossas filhas, Nina, 2, e Flor, 1. A mais velha come de tudo, já a pequena é mais seletiva. Enquanto a Nina devora ovos, cuscuz, tapioca, queijo, suco, a Flor se agarra a um simples pedaço de pão e passa feliz vários minutos tentando comê-lo. Mesmo sem nenhum dente ainda, faz questão de ter parte da casquinha mais dourada, melhor assada. Aliás, "pão" foi a primeira palavra da Flor, antes até de "papai" ou "mamãe". Bebês gourmets, cada um à sua maneira. Durante a viagem tive o prazer de fazer cada refeição ao lado delas e vê-las descobrir seu próprio mundo de comida. A Nina se encantou com a sopa de galinha com couve, feijão fresco e macarrão da nossa anfitriã em Carvalheira, dona Cidália. A Flor, além de ter delirado com os pães da terrinha, descobriu brócolis, canja e presunto cru. Tudo isso além de pêssegos, ameixas-amarelas e cerejas que apanharam no quintal do seu Celestino. Nesse mesmo lugar a Nina colheu uma batata e me emocionei quando vi a euforia e o orgulho desse grande feito no rosto dela. Escrevo agora de Bonson, uma pequena cidade no centro da França, onde vim prestigiar o casamento de um amigo e ter mais alguns dias de banquetes. Nossas férias estão chegando ao fim, mas tenho certeza de que nossas meninas ainda nos reservam belas surpresas. RODRIGO OLIVEIRA é chef do restaurante Mocotó (av. N.S. do Loreto, 1.100, Vila Medeiros, São Paulo) Texto Anterior: O faminto - André Barcinski: A Flip, para quem tem fome Próximo Texto: Atraídos pelo desejo Índice | Comunicar Erros |
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