São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002

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CASA, DO ALICERCE AO TELHADO

Usar cobre reciclado misturado com sucata pode causar curto-circuito; mão-de-obra qualificada é essencial

Fique de olho em quem instala e o quê

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Ter a rede elétrica instalada por quem entende do assunto e com material de qualidade ajuda a economizar. Não é incomum que se compre gato por lebre: cabos ou fios de sucata em vez de cobre.
"Além de bons produtos, está à venda cobre reciclado, misturado com sucata, de péssima qualidade. Um material assim faz o consumo aumentar devido ao aquecimento dos fios. O isolamento pode derreter, gerando curto-circuito", alerta Antônio Maschietto, diretor-executivo do Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre).
A qualidade do condutor deve ser comprovada pelo selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) no produto.
"Por norma, o cobre tem de ser 99,9% puro", diz o engenheiro eletricista Paulo Barreto, coordenador da divisão de sistemas prediais do Instituto de Engenharia.

Entre o fio e o cabo
Definido o cobre de boa qualidade, as dúvidas aparecem com relação aos condutores, que podem ser fios ou cabos. Há duas diferenças entre eles: a facilidade na instalação e o preço.
"Ambos têm a mesma capacidade de corrente e qualidade. O cabo [vários filamentos" é mais fácil de manusear, o que pode resultar em mão-de-obra mais rápida. Já o fio é um pouco mais barato", esclarece Marcelo Rodrigues, da Reiplás, que faz condutores.
Mas o bom material não basta, pois há o risco de ser desperdiçado na execução. "O mau profissional pode errar na hora de puxar a fiação e arranhar a camada isolante", completa Barreto.
A manutenção também merece atenção especial. Um erro comum do eletricista sem qualificação é trocar o disjuntor quando desarma. "O cliente reclama que o disjuntor abre toda hora, mas isso ocorre para proteger a rede", diz o eletrotécnico Edgard Guimarães Cavalcanti, na área há 20 anos.
Segundo Osmar Souza, instrutor de eletricidade do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), fiação emendada dentro de conduíte, onde não se tem acesso, e ligações equivocadas com a tomada de três pólos, excluindo o fio terra, são outros erros próprios dos aventureiros.
Por fim, emendas malfeitas também podem trazer dor de cabeça para o morador. O local aquece com risco até de derreter a camada isolante. "Há a probabilidade de um curto-circuito, e os aparelhos podem não funcionar direito, por mau contato", explica Ivan Machado Terni, sócio-proprietário da Terni Engenharia, que executa projetos de elétrica.
O certo é revestir a emenda com fita isolante, mas essa regra básica nem sempre é observada. (AM)


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