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Universidades e governo elaboram critérios para classificar as construções
Segundo o governo, podem-se economizar 30% em prédios prontos e 50% em novos
Brasil regulamenta eficiência energética
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para o ambiente manter o pique, é indispensável que a casa seja projetada para usar bem a energia. Afinal, dados do Ministério
de Minas e Energia mostram que
48% do consumo de eletricidade
no Brasil vem de construções residenciais, comerciais ou públicas.
Essa não é uma tarefa difícil. Segundo as projeções do governo,
há potencial para economizar cerca de 30% da energia gasta em
prédios já construídos e até 50%
nos novos. As armas para isso são
projetos que saibam usar a luz e a
ventilação natural e olho vivo na
escolha de tudo que pode ser ligado na tomada.
Outro reforço de peso é a certificação em eficiência energética das
construções, que está sendo formulada em um convênio entre
governo federal e universidades
(como USP, Unicamp e Universidade Federal de Santa Catarina).
O resultado será uma regulamentação baseada em indicadores referenciais mínimos de eficiência energética em construções
e que embasará critérios para
classificar prédios. Serão estipulados valores máximos de consumo
ou mínimos de eficiência para tudo o que consumir energia.
Para ajudar na tarefa, será usado um programa de simulação do
desempenho térmico e energético
de uma edificação, o EnergyPlus.
O uso da ferramenta permitirá
que os projetos de novas edificações ou de reformas sejam avaliados antes de sua execução.
A certificação brasileira deverá
ser voluntária, a exemplo do que
acontece nos Estados Unidos, segundo o professor Roberto Lamberts, coordenador do Labeee
(Laboratório de Eficiência Energética em Edificações) da UFSC.
"Acreditamos que esses parâmetros vão movimentar o mercado",
afirma Lamberts, já que serão um
componente a mais a ser "vendido" nos projetos.
Os índices precisarão levar em
conta o clima de cada região. A
ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) aprovou recentemente a norma NBR 15.220-3, que divide as regiões do país em
zonas de acordo com o clima, o
que deve ajudar no trabalho.
Estados Unidos, Canadá, México, Reino Unido e Austrália já
contam com algum tipo de norma ou lei tratando da eficiência
energética em edificações.
Projeto adequado
O Brasil já tem uma lei que dispõe sobre a Política Nacional de
Conservação e Uso Racional de
Energia, que trata também de máquinas e motores, mas o trecho
que aborda as edificações ainda
não foi regulamentado.
Para Lamberts, no entanto, a regulamentação mínima não deverá ser muito elevada. "O usuário
brasileiro consome uma sexta
parte do que o norte-americano
gasta. Ainda temos várias casas
no Brasil com nível de conforto
térmico abaixo do desejável." A
previsão é que o texto das normas
esteja pronto em um ano.
Qualquer projeto pode prever
ventilação, iluminação e isolamento térmico adequados. A simples instalação de persianas nas
janelas dos quartos pode fazer
uma boa diferença.
"Em Florianópolis [SC], é comum prever, em alguns projetos,
apenas janelas de vidro nos quartos, o que obriga os moradores a
instalar blecautes para bloquear a
luz e, com o calor, ar-condicionado", diagnostica Lamberts.
Teto branco
Se houver telhado sobre o imóvel, a dica de Lamberts é fazer isolamento na cobertura. "Podem-se
pintar telhas de branco para manter a temperatura agradável."
Já Teófilo Miguel de Souza,
coordenador do Centro de Energias Renováveis da Faculdade de
Engenharia da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho), prega que teto,
paredes e pisos sejam pintados na
cor gelo ou branca.
A edificação deve ainda ter janelas amplas e sistema de circulação
de ar eficiente. Outro meio de economizar é usar aquecimento solar
e lâmpadas fluorescentes compactas em abajures, em vez de iluminação no teto.
É bom, no entanto, perguntar
ao vendedor o tempo de vida útil
do reator da fluorescente. Se for
inferior ao da lâmpada incandescente, poderá não valer a pena.
"Na Europa e na Ásia são adotadas também medidas como comprar aparelhos eletroeletrônicos
mais eficientes", diz Souza.(RGV)
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