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Paulistanos questionam custos da inspeção

Programa é alvo de denúncias na Justiça

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

A inspeção veicular obrigatória, alvo de denúncias do Ministério Público, voltou a ser questionada por parte dos paulistanos na semana passada.

Mais pelos valores da taxa -por volta de R$ 50 em 2012- e da multa e menos pelo objetivo dela, que é o de melhorar a qualidade do ar.

"Não sou contra o programa em si. Mas a forma como ele é feito. Os valores são caríssimos", afirma Cristina Camerin Correa, empresária.

"O paulistano deveria organizar protestos contra isso", defende ela, que nunca teve um carro reprovado.

O bancário Luiz Tadeu Crocco também acha "um absurdo" os preços da inspeção e da multa. "O carro que polui não é pego. Neste ano não fiz, mas acabei sendo multado por causa de uma outra infração nada a ver."

Isso porque os radares espalhados pela cidade não flagram só a falta do selo ambiental. O carro precisa ser multado por outra coisa para ser pego no sistema.

A multa cobrada pela prefeitura para quem não fez a inspeção é de R$ 550. O próprio Ministério Público, na sua denúncia encaminhada à Justiça, também coloca objeções ao valor.

No entendimento dos promotores, toda a multa deveria ser definida com base no Código Brasileiro de Trânsito. O que significa dizer que o valor da infração seria, no máximo, de R$ 191,54.

"Ter inspeção veicular é essencial. No entanto, o preço da inspeção e, principalmente, a multa são bem desproporcionais", diz a jornalista Maura Campanili.

O valor da taxa da inspeção veicular paulistana é parecida com a da carioca.

Lá, o valor está embutido no licenciamento anual do veículo e também engloba uma inspeção de segurança, o que não existe aqui.

Em Nova York, saber se o carro polui ou não custa cerca de R$ 37 (preço que também inclui a inspeção de segurança). Na Cidade do México existe mais de uma tarifa, que varia de acordo com o tipo de carro. Em média, ela é mais barata que a paulistana.

O arquiteto Luiz Cortez, assessor do Metrô, resume a fala de especialistas em poluição do ar. Para ele, programas antipoluição deveriam ser até mais abrangentes.

"Não me sinto um tolo por defender ações de controle, apenas lastimo que não sejam mais efetivas. Como toda medida de controle da poluição, a inspeção veicular é uma ação de medicina preventiva", afirma Cortez.

O aborrecimento e a despesa a mais para os proprietários de veículos é o que termina "provocando em muitos uma postura individualista contrária ao programa".

De acordo com Paulo Artaxo, especialista em poluição, um programa bem feito e com grande adesão reduziria a poluição do ar em até 30%.

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