São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2008

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SP tem só 20 bafômetros para malha de 24 mil km

Apesar disso, polícia rodoviária diz que seu foco no Carnaval será o uso de álcool

Nos últimos 4 anos, as multas por embriaguez representaram 0,2% das autuações aplicadas durante esse feriado

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Como em todo Carnaval, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) anunciou que vai focar a fiscalização no consumo de álcool por motoristas. Nos últimos quatro anos, no entanto, a média de multas por embriaguez nas rodovias paulistas durante o feriado foi de 24 ou 0,2% da média de 12.370 autuações a cada ano nesse período.
O número expõe a falta de bafômetros -a corporação tem só 20 em operação para cobrir uma malha de 24 mil km. Em média, há um para cada dez postos policiais e 1.200 km de rodovias (distância maior do que São Paulo a Porto Alegre).
Destes, 17 foram doados pela Ambev (Companhia de Bebidas das Américas) em 2003 e os outros três são ainda mais antigos.
Um aparelho novo custa cerca de R$ 7.000, mas não há previsão de compra pelo governo do Estado, apesar de o governador José Serra (PSDB) ter defendido anteontem a importância do teste. "O bafômetro deveria ser obrigatório. Quem bebe ameaça a vida", disse.
A Folha visitou algumas bases rodoviárias à procura do equipamento. Onde ele existia, estava guardado, na caixa. Segundo policiais, ele só é solicitado quando um motorista -parado por qualquer outro motivo- está visivelmente embriagado. Só então o aparelho é pedido por rádio e enviado ao local por outra equipe.
Para técnicos, a média de multas é desproporcional ao consumo de álcool. Segundo estudo da USP, 56,6% dos motoristas mortos no trânsito da capital paulista em 2005 estavam embriagados. "Não deve haver muita diferença nas rodovias", afirma Julia Greve, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP. "Se os bafômetros fossem usados, as pessoas teriam medo do flagrante e pensariam antes de beber."
O tenente Cláudio Ceoloni, da Polícia Rodoviária Estadual, nega que os aparelhos sejam insuficientes. "Se for preciso, pode ser solicitado."


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