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SP tem só 20 bafômetros para malha de 24 mil km
Apesar disso, polícia rodoviária diz que seu foco no Carnaval será o uso de álcool
Nos últimos 4 anos, as multas por embriaguez representaram 0,2% das autuações aplicadas durante esse feriado
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Como em todo Carnaval, a
Polícia Rodoviária Estadual
(PRE) anunciou que vai focar a
fiscalização no consumo de álcool por motoristas. Nos últimos quatro anos, no entanto, a
média de multas por embriaguez nas rodovias paulistas durante o feriado foi de 24 ou
0,2% da média de 12.370 autuações a cada ano nesse período.
O número expõe a falta de
bafômetros -a corporação tem
só 20 em operação para cobrir
uma malha de 24 mil km. Em
média, há um para cada dez
postos policiais e 1.200 km de
rodovias (distância maior do
que São Paulo a Porto Alegre).
Destes, 17 foram doados pela
Ambev (Companhia de Bebidas
das Américas) em 2003 e os outros três são ainda mais antigos.
Um aparelho novo custa cerca de R$ 7.000, mas não há previsão de compra pelo governo
do Estado, apesar de o governador José Serra (PSDB) ter defendido anteontem a importância do teste. "O bafômetro
deveria ser obrigatório. Quem
bebe ameaça a vida", disse.
A Folha visitou algumas bases rodoviárias à procura do
equipamento. Onde ele existia,
estava guardado, na caixa. Segundo policiais, ele só é solicitado quando um motorista
-parado por qualquer outro
motivo- está visivelmente embriagado. Só então o aparelho é
pedido por rádio e enviado ao
local por outra equipe.
Para técnicos, a média de
multas é desproporcional ao
consumo de álcool. Segundo
estudo da USP, 56,6% dos motoristas mortos no trânsito da
capital paulista em 2005 estavam embriagados. "Não deve
haver muita diferença nas rodovias", afirma Julia Greve, do
Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP. "Se os bafômetros fossem usados, as pessoas teriam medo do flagrante
e pensariam antes de beber."
O tenente Cláudio Ceoloni,
da Polícia Rodoviária Estadual,
nega que os aparelhos sejam
insuficientes. "Se for preciso,
pode ser solicitado."
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