São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2008

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Justiça veta carro alegórico com Hitler e cadáveres na Viradouro

Sentença atende a pedido da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro

Carlos Moraes/Agência O Dia
Carro alegórico que mostrava cadáveres de vítimas do nazismo é desmontado pela Viradouro

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Justiça do Rio proibiu ontem a Viradouro de exibir cadáveres de vítimas do nazismo em um carro da escola que representa o Holocausto, vetando ainda o desfile de um destaque fantasiado de Adolf Hitler.
Proferida pela juíza Juliana Kalichszteim, a sentença atendeu a uma ação impetrada pela Fierj (Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro).
Na decisão, a juíza sustenta que "um evento de tal magnitude [o Carnaval] não deve ser utilizado como ferramenta de culto ao ódio, de qualquer forma de racismo, além da clara banalização dos eventos bárbaros e injustificados praticados contra as minorias". A Viradouro diz que vai acatar a decisão judicial e que fará as modificações necessárias no carro.
"Só cogitar botar uma figura como a do Hitler em cima de um carro onde estão esqueletos de judeus mortos já representa total irresponsabilidade e maneira não-séria e não-respeitosa de tratar o tema", disse Sérgio Niskier, presidente da Fierj.
O tema da escola faz parte do enredo "É de Arrepiar", de autoria de Paulo Barros.
Quando soube que a Viradouro abordaria o Holocausto, a Fierj reagiu. Voluntariamente, a escola marcou, há dois meses, uma reunião para explicar que a idéia era alertar para o horror provocado pelo nazismo. Apesar disso, a entidade pediu que a alegoria não fosse apresentada, pois temia que o Holocausto fosse banalizado.
"Não percebia atitude racista, anti-semita ou discriminatória até ontem [anteontem], mas não sabíamos que teria uma pessoa representando Hitler. Agora, perdemos a confiança de que o tema pudesse ser tratado com respeito", afirma o presidente da Fierj.
Paulo Barros se mostrou insatisfeito com a decisão da Justiça. Disse lamentar que não tenha sido compreendido na tentativa de fazer um alerta sobre a gravidade do holocausto.


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