São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009

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SEGUNDO ATO

Passado foi de autoritarismo, inovação e busca por excelência

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Antes da reformulação da Osesp por John Neschling, em 1997, os paulistanos só ouviam boa música sinfônica quando orquestras estrangeiras se apresentavam pela Sociedade de Cultura Artística ou pelo Mozarteum Brasileiro. O salto qualitativo com a Osesp foi imenso, e a história é longa.
Eleazar de Carvalho morreu em 1996. Foi um dos grandes da regência brasileira, mas a Osesp em suas mãos, por 24 anos, foi uma orquestra desimportante e desprestigiada pelos sucessivos governos. Com Eleazar morto, o então secretário estadual da Cultura, Marcos Mendonça, contatou John Neschling, que vivia no Rio, e propôs conversar.
Neschling impôs duas condições. A primeira: carta-branca para a seleção dos instrumentistas. A segunda: sala de acústica impecável. O então governador Mário Covas concordou.
O maestro exercia seu perfeccionismo de modo intempestivo e autoritário. Em setembro de 2001, enfrenta sua primeira crise interna.
Mas seus destemperos, por mais que afetassem o clima entre os músicos, eram exercidos nos ensaios. O público testemunhava o produto final.
Os "anos Neschling" na Osesp trazem uma última inovação na história brasileira da música sinfônica. O ex-diretor artístico e sua orquestra ampliaram o repertório à disposição do público.
A verdade é que nenhuma instituição possui em seu comando alguém insubstituível. Neschling pode dar lugar a outro nome que mantenha a Osesp em seu atual padrão elevado. Mas o caminho é escorregadio, e os riscos, imensos.


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