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SEGUNDO ATO
Passado foi de autoritarismo, inovação e busca por excelência
JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Antes da reformulação da
Osesp por John Neschling, em
1997, os paulistanos só ouviam
boa música sinfônica quando
orquestras estrangeiras se
apresentavam pela Sociedade
de Cultura Artística ou pelo
Mozarteum Brasileiro. O salto
qualitativo com a Osesp foi
imenso, e a história é longa.
Eleazar de Carvalho morreu
em 1996. Foi um dos grandes da
regência brasileira, mas a
Osesp em suas mãos, por 24
anos, foi uma orquestra desimportante e desprestigiada pelos
sucessivos governos. Com
Eleazar morto, o então secretário estadual da Cultura, Marcos
Mendonça, contatou John
Neschling, que vivia no Rio, e
propôs conversar.
Neschling impôs duas condições. A primeira: carta-branca
para a seleção dos instrumentistas. A segunda: sala de acústica impecável. O então governador Mário Covas concordou.
O maestro exercia seu perfeccionismo de modo intempestivo e autoritário. Em setembro de 2001, enfrenta sua
primeira crise interna.
Mas seus destemperos, por
mais que afetassem o clima entre os músicos, eram exercidos
nos ensaios. O público testemunhava o produto final.
Os "anos Neschling" na
Osesp trazem uma última inovação na história brasileira da
música sinfônica. O ex-diretor
artístico e sua orquestra ampliaram o repertório à disposição do público.
A verdade é que nenhuma
instituição possui em seu comando alguém insubstituível.
Neschling pode dar lugar a outro nome que mantenha a
Osesp em seu atual padrão elevado. Mas o caminho é escorregadio, e os riscos, imensos.
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