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SAÚDE
Polícia diz que Bayern e SNA Centro de Diagnósticos não faziam as análises e forjavam os resultados para não ter gastos
Laboratórios são acusados de fraudar testes
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois laboratórios de São Paulo
fraudaram exames de sangue, urina e papanicolaou (que previne o
câncer de colo de útero) para evitar os gastos da análise, segundo a
polícia. O Bayern e o SNA Centro
de Diagnósticos atendiam os pacientes do Itálica Saúde, plano
que tem cerca de 70 mil conveniados, e forneciam resultados em
que os índices pareciam normais
-independentemente do real estado do cliente.
"Enviamos mais de 5.000 exames para a perícia. Todos são
iguais. Falo com convicção: houve
fraude", afirmou ontem o delegado Aldo Galiano, da 5ª Delegacia
Seccional de Polícia.
A Folha tentou ouvir ontem representantes do Itálica e dos laboratórios, mas eles não tinham ligado de volta até o fechamento
desta edição.
Anteontem, o diretor administrativo do plano de saúde Itálica,
Sérgio Gabrielli, 57, afirmou ao
"Agora" que os dois laboratórios
são prestadores de serviços da
empresa e que essa é a única relação existente entre eles. No laboratório SNA, uma mulher, que
apenas se identificou como proprietária do local, disse que tinha
os comprovantes dos exames nos
computadores da empresa.
A polícia pediu a quebra dos sigilos bancário e telefônico de
quem aparece no contrato social
da cooperativa Itálica, que, segundo Galiano, administra tanto o
plano de saúde como o Bayern e o
SNA, além de dois hospitais.
O delegado, porém, suspeita
que parte dos nomes registrados
no contrato seja de "laranjas".
Dois dos supostos sócios que
prestaram depoimento ontem declararam ser funcionários e disseram não saber que seus nomes estavam no contrato.
"Eles montaram uma estrutura
de crime organizado para impedir a chegada aos donos. Só vamos pegar o responsável seguindo o rastro do dinheiro. Se não
houver quebra do sigilo, ele sai
impune", disse Galiano.
No dia 19, o bioquímico responsável pelos testes, Wilson Antonio
Molina, foi preso com material de
exame para a Aids vencido. Ele foi
indiciado por crime contra as relações de consumo e, como pagou
uma fiança de R$ 1.000, responderá ao processo em liberdade.
A polícia irá procurar casos de
óbitos causados por doenças não
constatadas em exames fraudados. Se isso ocorrer, os responsáveis podem ser acusados de homicídio com dolo eventual (quando existe a consciência do risco).
A Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), que regula o
setor de planos de saúde, iniciou
ontem um processo de fiscalização no Itálica. A ANS já havia
multado 15 vezes a operadora,
num total de R$ 710 mil, em outros processos administrativos.
(AMARÍLIS LAGE)
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