São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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Conveniados temem deixar plano de saúde

DA REPORTAGEM LOCAL

Revolta e medo. É entre esses dois pólos que conveniados da Itálica ouvidos ontem pela Folha tentam se equilibrar enquanto decidem o que fazer em relação ao plano de saúde que possuem.
Apesar de estarem indignados com as denúncias de que os laboratórios Bayern e SNA, que prestam serviço para o Itálica, fraudaram seus exames, eles temem sair do plano e depender do sistema público de saúde.
O plano é voltado para as classes C e D e as mensalidades variam de R$ 34 a R$ 300.
"Estou preocupada e pensando em cancelar o plano. Mas tenho medo de passar mal e precisar ir a um hospital público. Lá no Itálica, mesmo não sendo bom, eu sei que, se houver uma emergência, serei atendida. Quer dizer, eu acho que serei atendida", disse ontem a atendente de telemarketing Miriam Silva, 23, que conseguiu o convênio por meio da empresa em que trabalha.
Silva é uma das cem pessoas intimadas pela polícia a prestar depoimento. A denúncia que deu início à investigação veio de um conveniado que tinha na perna uma ferida que não cicatrizava -um sintoma de diabetes.
Em dois exames que fez na Bayern os resultados diziam que sua saúde estava normal. Só em um terceiro exame, feito em outro local, descobriu que tinha a doença. A essa altura, porém, já havia quase perdido a perna.
A dona-de-casa Selma dos Santos, 42, conta uma história diferente: há cerca de um mês ela descobriu que tinha diabetes por meio de um exame feito na Bayern. Mesmo assim, ela estava tensa. "A gente faz exames de acompanhamento para ver se melhora, se piora. Como vou saber que eles estão certos?"
A dona-de-casa Luci Regina Tocacelli Rosa, 38, soube das denúncias ontem, ao levar sua mãe para fazer exames na unidade da Bayern em Itaquera. O local estava fechado, segundo uma funcionária que não se identificou, devido a um problema nas máquinas.
"Meus pais pagam R$ 400 todo mês e ainda tratam a gente com esse descaso? É um absurdo brincar com a vida das pessoas assim. Aí a gente fica numa sinuca, porque como é que a gente vai ficar sem um plano de saúde?" (AL)


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