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Conveniados temem deixar plano de saúde
DA REPORTAGEM LOCAL
Revolta e medo. É entre esses
dois pólos que conveniados da
Itálica ouvidos ontem pela Folha
tentam se equilibrar enquanto decidem o que fazer em relação ao
plano de saúde que possuem.
Apesar de estarem indignados
com as denúncias de que os laboratórios Bayern e SNA, que prestam serviço para o Itálica, fraudaram seus exames, eles temem sair
do plano e depender do sistema
público de saúde.
O plano é voltado para as classes
C e D e as mensalidades variam de
R$ 34 a R$ 300.
"Estou preocupada e pensando
em cancelar o plano. Mas tenho
medo de passar mal e precisar ir a
um hospital público. Lá no Itálica,
mesmo não sendo bom, eu sei
que, se houver uma emergência,
serei atendida. Quer dizer, eu
acho que serei atendida", disse
ontem a atendente de telemarketing Miriam Silva, 23, que conseguiu o convênio por meio da empresa em que trabalha.
Silva é uma das cem pessoas intimadas pela polícia a prestar depoimento. A denúncia que deu
início à investigação veio de um
conveniado que tinha na perna
uma ferida que não cicatrizava
-um sintoma de diabetes.
Em dois exames que fez na Bayern os resultados diziam que sua
saúde estava normal. Só em um
terceiro exame, feito em outro local, descobriu que tinha a doença.
A essa altura, porém, já havia quase perdido a perna.
A dona-de-casa Selma dos Santos, 42, conta uma história diferente: há cerca de um mês ela descobriu que tinha diabetes por
meio de um exame feito na Bayern. Mesmo assim, ela estava
tensa. "A gente faz exames de
acompanhamento para ver se
melhora, se piora. Como vou saber que eles estão certos?"
A dona-de-casa Luci Regina Tocacelli Rosa, 38, soube das denúncias ontem, ao levar sua mãe para
fazer exames na unidade da Bayern em Itaquera. O local estava
fechado, segundo uma funcionária que não se identificou, devido
a um problema nas máquinas.
"Meus pais pagam R$ 400 todo
mês e ainda tratam a gente com
esse descaso? É um absurdo brincar com a vida das pessoas assim.
Aí a gente fica numa sinuca, porque como é que a gente vai ficar
sem um plano de saúde?"
(AL)
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