São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

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POLUIÇÃO

Condições climáticas reduziram ozônio; Cetesb alerta que melhoria efetiva só ocorrerá com inspeção de veículos

Chuva ajudou a limpar ar de SP em 2004

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A qualidade do ar melhorou no Estado de São Paulo no ano passado, de acordo com relatório da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) divulgado ontem. A boa notícia, no entanto, se deve ao acaso: choveu mais e ventou mais em 2004.
Segundo a Cetesb, por causa das condições meteorológicas houve uma melhoria na dispersão de todos os poluentes, ainda que a situação não possa ser considerada como satisfatória.
Na verdade, o que ocorreu em 2004 foi que por menos vezes os poluentes ultrapassaram os padrões de qualidade do ar, na comparação com 2003.
No caso do monóxido de carbono, por cinco dias a concentração superou o índice de qualidade do ar em 2004. No ano anterior, tal situação foi verificada 22 vezes.
No que diz respeito ao ozônio, que foi o poluente que mais ultrapassou os padrões de qualidade na região metropolitana de São Paulo, foram 62 dias ruins em 2004 contra 77 em 2003.
Segundo o gerente da Divisão de Qualidade do Ar da companhia, Jesuíno Romano, 56, o ideal seria que não houvesse mais ultrapassagens do padrão de qualidade do ar estabelecido.
De acordo com o diretor-presidente da Cetesb, Rubens Lara, a melhoria efetiva da poluição dependerá do investimento em transporte coletivo e da implantação de novos programas para controlar a emissão de poluentes dos veículos, considerados os maiores vilões da qualidade do ar.
A Cetesb diz que há anualmente um excessivo crescimento de veículos leves (3% a 5%) e de motos (5% a 8%) e ainda há um número muito grande de veículos velhos em circulação. "Não é possível ter frota com idade média alta. Hoje, vemos caminhões de 20 e 30 anos circulando sem revisões técnicas adequadas", afirma o diretor-presidente da Cetesb.
Segundo ele, a idéia é fazer uma avaliação anual ou bienal dos veículos que tenham mais de dois ou três anos de uso. Lara diz que o rodízio trouxe mais carros velhos para São Paulo (dados da Cetesb mostram que só 18% da frota foi fabricada entre 2000 e 2004).

Localização da poluição
Na região metropolitana de São Paulo, as áreas que apresentaram maior excesso de ozônio foram Santo Amaro, que ficou fora do padrão por 42 dias no ano, e o Ibirapuera, com 38.
Em ambos os bairros, que já haviam sido considerados os piores no ano anterior, houve 14 dias em que a situação chegou a ser considerada como estado de atenção. Nesses casos, a Cetesb recomenda que as pessoas não pratiquem exercícios físicos, principalmente das 13h às 16h, porque pode ocorrer uma redução na capacidade respiratória.
No caso do Ibirapuera, onde está localizado o parque homônimo, a alta concentração de ozônio ocorre justamente porque no local existem menos prédios.
Isso ocorre em razão de o ozônio se formar no contato com a luz solar. Quando há muitos edifícios, a sombra formada por eles evita a formação do poluente.
Ontem, dia claro e de grande circulação de veículos nas ruas, as condições do ar ficaram inadequadas em três pontos da capital -Ibirapuera, Santo Amaro e Santana- e em Ribeirão Preto.
A qualidade do ar só deve melhorar com a chuva, em forma de pancadas, prevista para o fim da tarde de hoje. Amanhã, no entanto, o sol pode voltar a aparecer, e a chuva só retorna no domingo.
Até lá, segundo a Cetesb, é melhor evitar exercícios em lugares abertos -como o parque do Ibirapuera e a avenida Sumaré.


Colaborou a Redação

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