São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

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VIOLÊNCIA

Vítima desapareceu em Goiás no ano passado; José Vicente Matias, o Corumbá, já havia assumido outras duas mortes

Artesão matou turista de Israel, diz a polícia

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

O artesão José Vicente Matias, conhecido como Corumbá, 39, em depoimento à Polícia Civil do Maranhão, disse que assassinou a turista israelense Katryn Rakitov, 29, em Pirenópolis (123 km de Goiânia), no ano passado. Ele contou à polícia que a matou com duas pedradas na cabeça depois que ela caiu de uma cachoeira e ficou gravemente ferida.
No depoimento anterior, dado anteontem, Corumbá havia negado a autoria da morte da israelense, segundo informação da polícia. Ontem, ele mudou seu depoimento e chegou a dizer que cobriu o corpo de Rakitov com pedras. O corpo da turista ainda não foi localizado.
"Hoje [ontem] ele deu outra versão: disse que ela [Rakitov] caiu e bateu com a cabeça. Como ela não teria condições de sobreviver, e ele teria que explicar os ferimentos, Matias [Corumbá] disse que a matou", informou o delegado José Melônio Filho, da Delegacia Regional de Rosário, que investiga o caso.

Perfil semelhante
Corumbá havia confessado à polícia anteontem que matara a alemã Mariane Kern e a espanhola Nuria Fernández Collada. Os corpos das duas mulheres foram encontrados em Barreirinhas (272 km de São Luís) e Alcântara (53 km de São Luís), respectivamente, no litoral do Maranhão.
Os dois corpos estavam em covas rasas e com afundamento craniano. O artesão foi preso na terça-feira, em Bragança, no interior do Pará, após a foto dele ter sido divulgada.
Rakitov tem um perfil semelhante ao das duas outras mulheres que Corumbá disse ter matado: são estrangeiras, que viajam desacompanhadas por diversos países e cujo desaparecimento poderia passar desapercebido.
A Polícia Civil de Goiás tem investigado o caso de Rakitov desde agosto do ano passado, quando a família dela comunicou o desaparecimento à embaixada israelense no Brasil.
Segundo a delegada Geina Maria Eterna, de Pirenópolis, a proprietária de um terreno onde Rakitov esteve acampada identificou Corumbá como sendo o homem que procurou a turista no dia em que ela foi embora.
A delegada deve viajar para São Luís para acompanhar os depoimentos do artesão. A Polícia Civil de Goiás irá pedir à Justiça a transferência dele para Pirenópolis para que eventualmente ajude a localizar o corpo da turista.

Maus-tratos
Segundo Melônio Filho, Corumbá chorou muito ontem ao falar de seu passado. Ele disse ter sido abandonado e rejeitado durante toda a sua vida e ter sofrido maus-tratos.
"Ele disse que foi uma vida de abusos, rejeições e maus-tratos para justificar sua conduta hoje", disse Melônio.
Ontem, uma irmã do artesão que mora em Goiânia disse à polícia que Corumbá morou nas ruas desde os 11 anos, depois que os avós que o criaram morreram. Ela disse que tem pouco contato com o irmão, que aparece apenas eventualmente na cidade.
A Delegacia de Homicídios de Goiás relacionou outros dois casos, ocorridos no Estado e ainda não solucionados, que podem ter ligação com Corumbá. Em 2002 e 2003, duas mulheres foram estupradas em Caldas Novas e seus namorados, mortos à pauladas. Nos dois casos, os casais estavam namorando dentro do carro em uma área deserta da cidade.


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