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VIOLÊNCIA
Vítima desapareceu em Goiás no ano passado; José Vicente Matias, o Corumbá, já havia assumido outras duas mortes
Artesão matou turista de Israel, diz a polícia
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
O artesão José Vicente Matias,
conhecido como Corumbá, 39,
em depoimento à Polícia Civil do
Maranhão, disse que assassinou a
turista israelense Katryn Rakitov,
29, em Pirenópolis (123 km de
Goiânia), no ano passado. Ele
contou à polícia que a matou com
duas pedradas na cabeça depois
que ela caiu de uma cachoeira e ficou gravemente ferida.
No depoimento anterior, dado
anteontem, Corumbá havia negado a autoria da morte da israelense, segundo informação da polícia. Ontem, ele mudou seu depoimento e chegou a dizer que cobriu o corpo de Rakitov com pedras. O corpo da turista ainda não
foi localizado.
"Hoje [ontem] ele deu outra
versão: disse que ela [Rakitov]
caiu e bateu com a cabeça. Como
ela não teria condições de sobreviver, e ele teria que explicar os ferimentos, Matias [Corumbá] disse que a matou", informou o delegado José Melônio Filho, da Delegacia Regional de Rosário, que investiga o caso.
Perfil semelhante
Corumbá havia confessado à
polícia anteontem que matara a
alemã Mariane Kern e a espanhola Nuria Fernández Collada. Os
corpos das duas mulheres foram
encontrados em Barreirinhas
(272 km de São Luís) e Alcântara
(53 km de São Luís), respectivamente, no litoral do Maranhão.
Os dois corpos estavam em covas rasas e com afundamento craniano. O artesão foi preso na terça-feira, em Bragança, no interior
do Pará, após a foto dele ter sido
divulgada.
Rakitov tem um perfil semelhante ao das duas outras mulheres que Corumbá disse ter matado: são estrangeiras, que viajam
desacompanhadas por diversos
países e cujo desaparecimento
poderia passar desapercebido.
A Polícia Civil de Goiás tem investigado o caso de Rakitov desde
agosto do ano passado, quando a
família dela comunicou o desaparecimento à embaixada israelense
no Brasil.
Segundo a delegada Geina Maria Eterna, de Pirenópolis, a proprietária de um terreno onde Rakitov esteve acampada identificou
Corumbá como sendo o homem
que procurou a turista no dia em
que ela foi embora.
A delegada deve viajar para São
Luís para acompanhar os depoimentos do artesão. A Polícia Civil
de Goiás irá pedir à Justiça a
transferência dele para Pirenópolis para que eventualmente ajude
a localizar o corpo da turista.
Maus-tratos
Segundo Melônio Filho, Corumbá chorou muito ontem ao
falar de seu passado. Ele disse ter
sido abandonado e rejeitado durante toda a sua vida e ter sofrido
maus-tratos.
"Ele disse que foi uma vida de
abusos, rejeições e maus-tratos
para justificar sua conduta hoje",
disse Melônio.
Ontem, uma irmã do artesão
que mora em Goiânia disse à polícia que Corumbá morou nas ruas
desde os 11 anos, depois que os
avós que o criaram morreram. Ela
disse que tem pouco contato com
o irmão, que aparece apenas
eventualmente na cidade.
A Delegacia de Homicídios de
Goiás relacionou outros dois casos, ocorridos no Estado e ainda
não solucionados, que podem ter
ligação com Corumbá. Em 2002 e
2003, duas mulheres foram estupradas em Caldas Novas e seus
namorados, mortos à pauladas.
Nos dois casos, os casais estavam
namorando dentro do carro em
uma área deserta da cidade.
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