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Controladores mantêm ameaça
Categoria pode parar novamente na Páscoa se negociação falhar ou se algum item do acordo for descumprido
Na reunião com o governo, trabalhadores vão pedir a definição da gratificação como garantia de que exigências serão atendidas
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Surpreendidos com a própria
demonstração de força, os controladores de tráfego aéreo exigirão na reunião de terça-feira
uma definição numérica da
gratificação salarial como uma
espécie de "garantia" de que todas as reivindicações serão
atendidas. Caso contrário, poderá haver outra paralisação na
véspera do feriado de Páscoa.
A categoria já montou uma
"rede de mobilização", que está
pronta para disparar um novo
aviso de greve em todo o país.
Isso pode ocorrer se a negociação falhar ou se qualquer item
assinado for descumprido,
principalmente o que se refere
às punições pelo motim.
Não está claro que valores serão colocados na mesa. Alguns
controladores afirmam que a
gratificação precisa ser de cerca
de R$ 3.000 -o que mais que
duplica o salário médio de um
sargento. Assim, pensam, ficará
garantida a desmilitarização,
processo cuja transição pode
tardar vários anos.
Indefinição
O ponto-chave da negociação
é que a ameaça de paralisação
ainda está em jogo. No acordo
assinado com o ministro Paulo
Bernardo, do Planejamento,
pouco antes da meia-noite de
sexta, não há compromisso de
que os controladores não realizem outro protesto ou greve.
Mesmo sem outra paralisação, os controladores mantêm
"as rédeas" do controle de tráfego aéreo. Eles retomaram o
controle dos aviões na madrugada de ontem, com restrições
no espaçamento entre decolagens. Esse protesto tem dois
propósitos. O primeiro é a segurança. Os sargentos avaliam
que a retomada de um enorme
acúmulo de vôos não pode ser
feita com ânimos exaltados ou
com cansaço do motim de mais
de cinco horas. Também querem deixar claro que o sistema
é "limitado" e não comporta o
crescimento da aviação civil.
O segundo é uma forma direta de pressão. Caso tudo corra
como pretende a categoria, o
fluxo aéreo pode estar normalizado na terça-feira e os acúmulos de vôos cancelados, zerado.
Caso contrário, os atrasos voltarão. O fator mais preocupante para a categoria é a opinião
pública. A conclusão foi de que
a negociação com Bernardo, de
uma hora e meia, na sexta-feira,
foi benéfica para evitar desgastes maiores ou o "castigo" indireto de passageiros.
Gradual
A escalada do protesto para
uma paralisação completa não
foi programada. Os controladores pretendiam realizar um
protesto mais gradual, com o
aquartelamento voluntário e
uma greve de fome que acabaria repercutindo nas escalas.
No final da tarde de anteontem, porém, o Cindacta-1 mudou o rumo da manifestação
por causa da ameaça de oficiais
de prender os amotinados.
Além disso, o Cindacta-4 (Manaus) já estava em estágio mais
avançado de protesto.
O Cindacta-2 (Curitiba) aderiu ao motim no começo da noite e chegou a aglomerar cerca
de 70 controladores na sala de
controle. Ali, houve descompasso com as negociações que
ocorriam em Brasília, e a ameaça de prisão pairou até o início
da madrugada de sábado.
Acordo
As negociações na próxima
terça devem acontecer diretamente entre dois dirigentes da
ABCTA (Associação Brasileira
dos Controladores de Tráfego
Aéreo) de Brasília e integrantes
do gabinete de crise.
Antes do motim, na terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia se reunido com
as autoridades do setor de aviação e exigido dia e hora para o
fim da crise aérea. O ministro
Waldir Pires, da Defesa, havia
colocado o prazo de 15 dias para
fazer um diagnóstico completo
do problema e propor soluções.
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