São Paulo, terça-feira, 01 de abril de 2008

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Para analistas, lei é o 1º passo, mas há mais por fazer

DA REPORTAGEM LOCAL

Um primeiro passo. Foi assim que especialistas ouvidos pela Folha avaliaram o primeiro ano da Lei Cidade Limpa. Para eles, a medida, ainda que positiva, não garante por si só a limpeza visual de São Paulo.
"Recebi um e-mail da Inglaterra perguntando como era viver em uma cidade sem poluição, mas São Paulo ainda é uma cidade poluída visualmente, ainda tem o problema de fiação, de postes, até problema de pichação", diz o designer e escritor Gustavo Piqueira, autor de "São Paulo, Cidade Limpa" (Editora Rex Livros).
Para Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo, é preciso tratar mais de temas ligados à poluição, como a limpeza de ruas e calçadas e o controle de emissão de gases. Já o arquiteto Rogério Batagliesi, ex-diretor da ADG (Associação dos Designers Gráficos) e que, na gestão Marta Suplicy (PT), participou de um projeto de limpeza da paisagem urbana, a lei é inspiradora. "Há um círculo virtuoso, muita gente já querendo enterrar fios, postes", diz. "Quanto menos poluição, mais aparece a arquitetura."
A arquitetura à mostra, porém, não é positiva, na opinião da arquiteta Mariana Martins. Dona de uma galeria de arte urbana em São Paulo, ela diz que a lei revelou a verdadeira cara da cidade: "Arquitetonicamente feia, com imóveis que, pensando em ter uma placa enorme na frente, fazem uma porcaria qualquer. E, quando tiraram as placas, o que apareceu foi uma arquitetura pífia", diz. Quanto à pichação, ela diz que é um sintoma da deterioração já existente. "É que nem cupim: ele só vai lá porque a madeira já estava apodrecendo."

Internacional
A Lei Cidade Limpa foi um dos finalistas na categoria design gráfico de um dos principais prêmios de design do mundo, do Design Museum, de Londres. Para Regina Monteiro, diretora da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), que foi a Londres para a exibição dos trabalhos, o sucesso da lei está em sua aceitação. "Em seis meses já tínhamos quase 100% de anuência." Ela conta que a lei tem originado termos de cooperação, em que placas -em áreas ou edifícios- informam o nome das empresas que contribuem para o restauro ou conservação desses locais.


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