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Para analistas, lei é o 1º passo, mas há mais por fazer
DA REPORTAGEM LOCAL
Um primeiro passo. Foi assim que especialistas ouvidos
pela Folha avaliaram o primeiro ano da Lei Cidade Limpa.
Para eles, a medida, ainda que
positiva, não garante por si só a
limpeza visual de São Paulo.
"Recebi um e-mail da Inglaterra perguntando como era viver em uma cidade sem poluição, mas São Paulo ainda é uma
cidade poluída visualmente,
ainda tem o problema de fiação, de postes, até problema de
pichação", diz o designer e escritor Gustavo Piqueira, autor
de "São Paulo, Cidade Limpa"
(Editora Rex Livros).
Para Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo, é preciso tratar mais de temas ligados à poluição, como a limpeza
de ruas e calçadas e o controle
de emissão de gases. Já o arquiteto Rogério Batagliesi, ex-diretor da ADG (Associação dos
Designers Gráficos) e que, na
gestão Marta Suplicy (PT), participou de um projeto de limpeza da paisagem urbana, a lei
é inspiradora. "Há um círculo
virtuoso, muita gente já querendo enterrar fios, postes",
diz. "Quanto menos poluição,
mais aparece a arquitetura."
A arquitetura à mostra, porém, não é positiva, na opinião
da arquiteta Mariana Martins.
Dona de uma galeria de arte urbana em São Paulo, ela diz que
a lei revelou a verdadeira cara
da cidade: "Arquitetonicamente feia, com imóveis que, pensando em ter uma placa enorme na frente, fazem uma porcaria qualquer. E, quando tiraram as placas, o que apareceu
foi uma arquitetura pífia", diz.
Quanto à pichação, ela diz que
é um sintoma da deterioração
já existente. "É que nem cupim: ele só vai lá porque a madeira já estava apodrecendo."
Internacional
A Lei Cidade Limpa foi um
dos finalistas na categoria design gráfico de um dos principais prêmios de design do mundo, do Design Museum, de Londres. Para Regina Monteiro, diretora da Emurb (Empresa
Municipal de Urbanização),
que foi a Londres para a exibição dos trabalhos, o sucesso da
lei está em sua aceitação. "Em
seis meses já tínhamos quase
100% de anuência." Ela conta
que a lei tem originado termos
de cooperação, em que placas
-em áreas ou edifícios- informam o nome das empresas que
contribuem para o restauro ou
conservação desses locais.
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