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LIMPEZA URBANA
Para representante do Ministério Público, antecipação do resultado da licitação dá novos rumos à investigação
Promotoria pede documentos à prefeitura
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
O Ministério Público Estadual
decidiu solicitar à Prefeitura de
São Paulo documentos sobre toda
a concorrência da coleta do lixo
na capital paulista, antes mesmo
da decisão liminar que suspendeu
a continuidade do certame.
O promotor da Cidadania Tulio
Tadeu Tavares afirmou ontem
que a antecipação dos resultados
da concorrência -feita por registros em cartório e confirmada na
última terça-feira, quando os envelopes comerciais foram abertos- dá "novos rumos" às investigações iniciadas em meados de
2003, após denúncias de que haveria direcionamento no edital.
A Promotoria também apura a
ligação do secretário de Infra-Estrutura Urbana da administração
Marta Suplicy (PT), Roberto Luiz
Bortolotto, com a empresa LOT.
Ela, que estava sem serviços havia
três anos, "ressuscitou" no mercado e foi chamada para integrar
um dos consórcios (Bandeirantes
2) por ter um atestado de operação de usinas de compostagem na
quantidade mínima de 9.000 toneladas por mês, que ela conseguiu depois de contratos no governo Luiza Erundina (1989-92).
Essa exigência da concorrência
poderia ser atendida por poucas
empresas do mercado de lixo.
O promotor Tavares recebeu
ontem documentos do consultor
gaúcho Enio Raffin, responsável
pela ação popular que resultou na
suspensão da concorrência.
Ele afirmou que ouviu Raffin,
mas que não havia outros tipos de
denúncia além das que já foram
divulgadas na imprensa. Tavares
disse não ser possível antecipar
nenhuma conclusão sobre a existência de irregularidades na licitação ou de um suposto acerto entre
todos os participantes.
O promotor declarou que, caso
não sejam comprovados os acordos entre as empresas, mas seja
comprovado um "vazamento" de
informação das propostas entregues, a concorrência também poderá ser motivo de cancelamento.
O consultor Enio Raffin sugeriu
ao Ministério Público uma investigação sobre os supostos acertos
entre as empresas de lixo abrangendo outros municípios do país.
Ele afirmou que, em Porto Alegre, a última licitação do setor
conseguiu reduzir os preços praticados até então -diferentemente
do que ocorre em São Paulo, onde
os gastos da prefeitura com coleta, tratamento e destinação final
dos resíduos deve subir 48%, dos
atuais R$ 350 milhões para R$ 517
milhões por ano.
Raffin afirmou que já trabalhou
em duas grandes empresas do setor que prestam serviços na capital paulista -a Qualix, uma das
denunciadas por ele, e a Marquise- e que presta serviços para
uma companhia da região Sul,
mas não quis revelar seu nome.
A concessão da coleta será válida por 20 anos -prorrogáveis
por igual período-, tem um custo que supera R$ 10 bilhões e é a
maior do tipo já feita no país.
Os preços oferecidos pelos três
grupos finalistas ficaram acima da
estimativa do edital e com variações de no máximo 2,1% entre
eles -as melhores ofertas foram
R$ 1,33 bilhão superior ao previsto, situação considerada incomum por especialistas.
Em nota, a Secretaria de Serviços e Obras informou ontem apenas que a comissão de licitação
"está avaliando" os preços abertos para anunciar "a classificação
das concorrentes".
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