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Reitores defendem cota para alunos locais
AFONSO BENITES
PABLO SOLANO
DA AGÊNCIA FOLHA
Com a criação do novo
Enem, reitores de universidades federais querem criar cotas
regionais para evitar que as faculdades sejam "invadidas" por
alunos de outros Estados, já
que os candidatos poderão concorrer em várias instituições
fazendo uma única prova.
A proposta deverá ser discutida pela Associação Nacional
de Dirigentes de Instituições
Federais de Ensino Superior.
O objetivo, segundo o presidente da entidade e reitor da
UFPE (Universidade Federal
de Pernambuco), Amaro Pessoa Lins, é fortalecer o ensino
regional e manter o cenário
atual, no qual a maioria dos matriculados é oriunda do ensino
médio do próprio Estado.
"Há uma grande diferença
entre o ensino nas diversas regiões do país. Não é justo, principalmente nos cursos com demanda alta, como medicina,
termos estudantes concorrendo no mesmo nível", diz Lins.
"Somos uma universidade no
meio do sertão. Se você coloca
em situação de igualdade o
[nosso] estudante com um paulista ou do Sul, isso poderá ser
um problema", diz o reitor da
Universidade Federal do Vale
do São Francisco, José Weber,
que defende a reserva de vagas.
Sem salvaguardas, os reitores
acreditam que haverá distorções, já que o aluno escolherá a
universidade sabendo sua nota
do Enem. Isso permitirá que
ele opte por uma federal de outro Estado se achar que não terá chance em uma mais disputada de seu local de origem.
Os dados do Enem 2008
mostram que esse temor é procedente. Na prova deste ano, os
alunos do Sudeste obtiveram o
melhor desempenho: 51,21
pontos, em escala de zero a
cem, na nota que une a prova
objetiva e a redação. Em segundo lugar ficou o Sul, com 50,86.
Norte e Nordeste tiveram média cinco pontos menor -45,89
e 46,2, respectivamente.
A comparação tem ressalvas,
já que as notas médias não
mostram nem os melhores alunos do interior do Norte e Nordeste nem os piores das capitais do Sul e Sudeste. De toda
forma, são indicadores do nível
educacional de cada localidade.
Reitor da UFBA, Naomar de
Almeida Filho, é uma das poucas vozes dissonantes. "A mobilidade que se está esperando irá
contribuir com o desenvolvimento regional", afirma.
Colaborou ANGELA PINHO, da Sucursal de Brasília
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