São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2004

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Mais de 30% dos alunos de Santos já consumiram algum tipo de droga

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Mais de um terço dos alunos de 5ª à 8ª série da rede pública municipal de Santos, principal cidade do litoral paulista, já fizeram uso de droga lícita ou ilícita, segundo pesquisa divulgada ontem pela prefeitura local.
Efetuado em 15 escolas, por meio de parceria com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o levantamento envolveu 943 estudantes de 10 a 18 anos, dos quais 87,6% estão na faixa etária de 11 a 14 anos. Todos estudam no período diurno.
Dos 341 alunos que admitiram já ter consumido drogas (36% do total de entrevistados), as meninas são maioria (188 contra 153 meninos). As drogas mais usadas são lícitas -álcool (34,5%) e cigarro (14%). Entre as ilícitas, preponderou a maconha (1,5%).
Dentre os que tiveram contato com álcool e cigarro, a maioria disse aos pesquisadores que o fez por influência de amigos que bebem (76%) e fumam (70,3%). O uso do álcool é maior quanto mais velho é o estudante: 7,1% (10 anos), 15,9% (11 anos), 23,6% (12 anos), 34,2% (13 anos) e 51,4% (14 anos). Dos usuários de cigarro, 86,5% informaram também consumir bebidas alcoólicas.

Fechar bares
"Tive a satisfação de ver que não há um consumo tão grande de drogas ilícitas. Mas, com o excesso de exposição na mídia das lícitas, temos de intensificar o trabalho de fechar bares e supermercados que vendem bebidas alcoólicas para menores", disse o prefeito Beto Mansur (PP).
Em agosto passado, investigadores da Secretaria Municipal da Saúde e do Comad (Conselho Municipal Antidrogas), treinados durante quase um ano por especialistas da Unifesp, coletaram os dados nas escolas. Os entrevistados foram escolhidos por sorteio.
O coordenador do estudo, psiquiatra Sidney Costa Gaspar, responsável pelo setor de saúde mental da secretaria, disse que, embora os índices possam ser até maiores, o universo de pesquisados não incluiu alunos do ensino médio porque pesquisas anteriores apontam para uma iniciação cada vez mais precoce dos estudantes no mundo das drogas.
"A gente queria ver exatamente onde essa curva [do consumo de drogas] começa a crescer, a fim de focalizar o trabalho preventivo", afirmou o psiquiatra.

Prevenção
A prevenção deve começar neste mês. Professores da 3ª e da 4ª série do ensino fundamental e professores de ciências da 5ª à 8ª série introduzirão o tema no conteúdo curricular, informou o secretário municipal da Saúde, Tomas Soderberg.
Uma cartilha de 80 páginas sobre prevenção ao consumo de drogas servirá de guia prático para educadores e profissionais da saúde. Editada pela prefeitura, a cartilha foi produzida por quatro especialistas da Unifesp.
Além do treinamento de professores e funcionários, o programa pretende, segundo Gaspar, formar entre os alunos "lideranças positivas", em contraponto às "lideranças negativas", que influenciam outros estudantes na iniciação ao consumo de drogas.


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