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Mais de 30% dos alunos de Santos
já consumiram algum tipo de droga
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Mais de um terço dos alunos de
5ª à 8ª série da rede pública municipal de Santos, principal cidade
do litoral paulista, já fizeram uso
de droga lícita ou ilícita, segundo
pesquisa divulgada ontem pela
prefeitura local.
Efetuado em 15 escolas, por
meio de parceria com a Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo), o levantamento envolveu
943 estudantes de 10 a 18 anos, dos
quais 87,6% estão na faixa etária
de 11 a 14 anos. Todos estudam no
período diurno.
Dos 341 alunos que admitiram
já ter consumido drogas (36% do
total de entrevistados), as meninas são maioria (188 contra 153
meninos). As drogas mais usadas
são lícitas -álcool (34,5%) e cigarro (14%). Entre as ilícitas, preponderou a maconha (1,5%).
Dentre os que tiveram contato
com álcool e cigarro, a maioria
disse aos pesquisadores que o fez
por influência de amigos que bebem (76%) e fumam (70,3%). O
uso do álcool é maior quanto mais
velho é o estudante: 7,1% (10
anos), 15,9% (11 anos), 23,6% (12
anos), 34,2% (13 anos) e 51,4% (14
anos). Dos usuários de cigarro,
86,5% informaram também consumir bebidas alcoólicas.
Fechar bares
"Tive a satisfação de ver que não
há um consumo tão grande de
drogas ilícitas. Mas, com o excesso de exposição na mídia das lícitas, temos de intensificar o trabalho de fechar bares e supermercados que vendem bebidas alcoólicas para menores", disse o prefeito Beto Mansur (PP).
Em agosto passado, investigadores da Secretaria Municipal da
Saúde e do Comad (Conselho
Municipal Antidrogas), treinados
durante quase um ano por especialistas da Unifesp, coletaram os
dados nas escolas. Os entrevistados foram escolhidos por sorteio.
O coordenador do estudo, psiquiatra Sidney Costa Gaspar, responsável pelo setor de saúde
mental da secretaria, disse que,
embora os índices possam ser até
maiores, o universo de pesquisados não incluiu alunos do ensino
médio porque pesquisas anteriores apontam para uma iniciação
cada vez mais precoce dos estudantes no mundo das drogas.
"A gente queria ver exatamente
onde essa curva [do consumo de
drogas] começa a crescer, a fim de
focalizar o trabalho preventivo",
afirmou o psiquiatra.
Prevenção
A prevenção deve começar neste mês. Professores da 3ª e da 4ª
série do ensino fundamental e
professores de ciências da 5ª à 8ª
série introduzirão o tema no conteúdo curricular, informou o secretário municipal da Saúde, Tomas Soderberg.
Uma cartilha de 80 páginas sobre prevenção ao consumo de
drogas servirá de guia prático para educadores e profissionais da
saúde. Editada pela prefeitura, a
cartilha foi produzida por quatro
especialistas da Unifesp.
Além do treinamento de professores e funcionários, o programa
pretende, segundo Gaspar, formar entre os alunos "lideranças
positivas", em contraponto às "lideranças negativas", que influenciam outros estudantes na iniciação ao consumo de drogas.
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