São Paulo, domingo, 01 de julho de 2001

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Contratação de médicos para projeto ainda é problema

DA REPORTAGEM LOCAL

O principal projeto da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, o PSF (Programa de Saúde da Família), ainda não tem nenhuma equipe nas ruas depois de seis meses de governo. A prefeitura, no entanto, previu sua implantação "a médio e longo prazo" ao divulgar o balanço dos 90 dias.
A contratação de médicos para a iniciativa já é um problema. Cada equipe terá um desses profissionais, um enfermeiro, quatro a seis agentes comunitários e dois auxiliares de enfermagem.
Há 1.600 agentes comunitários em processo de contratação por meio de convênios com entidades sociais, mas os outros membros das equipes nem foram selecionados ainda. A secretaria convocou enfermeiros e médicos da prefeitura e pessoal externo.
Até agora, 100 médicos e 498 enfermeiros inscreveram-se. São necessários 260 profissionais de cada uma das categorias. As primeiras equipes só estarão trabalhando em dois meses.
Para uma das coordenadoras do programa, Karina Calife, os profissionais ainda não entenderam o que é o PSF, preconizado pelo Ministério da Saúde. "A gente quer mais médico. É um número ainda pequeno", disse Karina.
São Paulo deverá ter 1.500 equipes, número que só deve atingir no fim do governo, segundo previsões da secretaria.
O programa valoriza a atenção básica. Cada equipe será responsável por mil famílias, que receberão visitas domiciliares. O Programa de Saúde da Família, para a secretaria, é a saída para desafogar as unidades hospitalares, sucateadas nos seis anos do PAS (Plano de Atendimento à Saúde) e sem possibilidade de haver reformas neste ano.

Implantação
Para Karina, o ritmo de implantação é adequado. "São Paulo tem um atraso histórico [o programa começou a ser implantado em 94 no país". Esta gestão está andando a passos rápidos. Em oito anos [período das administrações de Paulo Maluf e Celso Pitta", não houve avanço desse tipo", disse.
O argumento da herança ruim das gestões anteriores e do PAS, por outro lado, foi entendido até pela oposição, que, como disse um vereador petista, apesar das críticas eventuais, poupou Eduardo Jorge. Isso não significa, no entanto, que todo o planejamento da pasta foi cumprido.
A secretaria teve de manter práticas que criticava das cooperativas do plano, como locações de equipamentos, por não ter concluído licitações a tempo.
A proposta de unificar o corpo funcional foi frustrada. Somente parte dos funcionários da Saúde que estavam fora da pasta deverão voltar.
A pasta assumiu a rede que era do PAS com um "buraco" de pelo menos 3.000 servidores e não conseguiu cobrir ainda o déficit de 2.197 médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e assistentes técnicos administrativos.
Houve ainda desorganização na transição, apontada pela própria prefeitura, o que gerou informações confusas aos pacientes.

Ambulâncias
O prazo previsto de seis meses para a normalização da frota de ambulâncias também não foi cumprido. Segundo o chefe de gabinete da secretaria, Paulo Carrara, o serviço "ainda está sofrível".
Das 90 ambulâncias do serviço de resgate 192, 38 ainda estão paradas. No serviço de remoção que atende os hospitais, das 100 ambulâncias, 41 estão paradas.
Segundo Carrara, a intenção é acabar com o serviço de remoção no futuro. A secretaria está acertando normas para limitar as transferências entre os hospitais.
Já o serviço 192, segundo Carrara, é alvo de uma reformulação e deverá operar com o serviço de resgate do Estado.
De acordo com ele, apesar dos problemas continuarem, o atendimento pelo telefone 192 melhorou. Antes, 2 em 10 ocorrências eram atendidas. Agora, a resposta é de 6 em 10 chamados. A chegada aos locais das ocorrências, que antes demorava meia hora, agora é feita em 15 minutos.
(FABIANE LEITE)




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