São Paulo, domingo, 01 de julho de 2001

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Número de usuários de ônibus continua longe da meta fixada

MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria Municipal dos Transportes está fechando o primeiro semestre da administração Marta Suplicy (PT) sem conseguir atingir sua principal meta: aumentar o número de passageiros nos ônibus municipais.
A meta anunciada pela prefeitura no início do governo era recuperar o volume de 120 milhões de passageiros por mês existente há três anos na cidade.
O balanço parcial da SPTrans, referente ao primeiro semestre da administração Marta, revela uma média de 86 milhões de passageiros/mês nos ônibus de São Paulo.
O emblema da secretaria nesse primeiro semestre, ao contrário, foi o aumento da tarifa de ônibus em 21,74% (de R$ 1,15 para R$ 1,40), anunciado em maio pelo secretário Carlos Zarattini, ao mesmo tempo em que era instituído o fim do subsídio às empresas.
A dificuldade da secretaria em atingir objetivos também passou pelos projetos. Alguns permanecem parados, como o Fura-fila e a construção de corredores exclusivos para os ônibus.
A demora na implantação desses e de outros projetos é justificada pelo secretário pela falta de recursos e pela demora em receber o financiamento que pediu ao governo federal.
Algumas iniciativas da secretaria chegaram a ganhar as páginas dos jornais nesse período, mas não apresentaram resultados efetivos, como a implantação do telemarketing (que avisaria aos motoristas sobre eventuais problemas no trânsito antes que eles saíssem de casa) e a criação de bolsões de estacionamento.

Dificuldades
Segundo Zarattini, os primeiros meses de governo apresentaram dificuldades que não haviam sido previstas pela prefeitura, e isso teria impedido a secretaria de atingir as metas planejadas.
"Nós imaginávamos que a licitação que fizemos com os perueiros poderia ser colocada em prática. Isso não foi possível devido às irregularidades apresentadas no processo. Além disso, existe uma extrema complexidade nos contratos com as empresas de ônibus, que é muito mais difícil de resolver do que a gente imaginava."
Para o secretário, o sistema de transportes na cidade não está saturado, apenas funciona de forma ineficiente, com excesso de veículos e sobreposição de linhas.
O secretário admite que a guerra entre as lotações e os ônibus ainda não está equacionada. "Cadastramos cerca de 5.700 peruas em uma primeira fase e agora vamos incorporá-las ao sistema."

Nova licitação
Todo o sistema de transportes da cidade deve passar por uma nova licitação, segundo o secretário, e isso deve atrasar a reformulação do sistema. "Ainda este ano, pretendemos construir mais dez corredores de via livre que vão garantir uma melhora na velocidade do sistema", afirmou.
Em relação à parceria com o governo do Estado para a ampliação do metrô e a implantação do bilhete único, o secretário disse esperar a resposta do Estado.
Zarattini diz estar discutindo a questão dos bolsões de estacionamento com os supermercados.
Segundo o secretário, o fato de a prefeitura ter assumido a cidade endividada pode fazer com que a secretaria não invista 95% dos recursos obtidos com multas em transporte, conforme regulamenta o Código Brasileiro de Trânsito.
Sobre o balanço de sua gestão, Zarattini disse estar feliz por conseguir reorganizar o sistema, apesar dos interesses contraditórios que permeiam o setor.



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