São Paulo, domingo, 01 de julho de 2007

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Para jovens, há exagero em prisão de agressores

DA SUCURSAL DO RIO

Apesar da desaprovação geral pelo que eles fizeram, na noite que gira em torno dos postos de gasolina, das boates e das pistas planejadas para alta velocidade da Barra da Tijuca, muitos acreditam que os cinco agressores da doméstica Sirlei Dias de Carvalho, 32, já tiveram a sua pior punição: a exposição de seus rostos na mídia.
"Eles devem ser punidos, mas para que colocar numa prisão? Para lá ter contato com outros tipos de criminosos e sair de lá pior?", questionou a estudante Viviane Potter, 25.
No dia da prisão do grupo, na segunda, o microempresário Ludovico Bruno, 46, pai de Rubens Arruda, 19, afirmou que eles não deveriam ficar presos junto com "outros bandidos".
O empresário Rafael Santos, 21, considera "exagero" a prisão do grupo, indiciado pelo delegado Carlos Augusto Nogueira por tentativa de latrocínio e formação de quadrilha. "Se o caso não fosse divulgado, o problema seria resolvido com dinheiro, que é o que sempre acontece."
Para o seu amigo, o comerciante Márcio Pereira, 22, "seis meses ou um ano já estava bom". "Mas o mais justo seria eles prestarem serviço comunitário, algo assim", afirma ele.
De acordo com a coordenadora do Claves-Fiocruz (Centro Latino-Americano de Estudos da Violência e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz), Simone de Aguiar, a recusa pela punição é mais uma forma de "infantilização" a que esses jovens são submetidos.
"A classe média mantém esses jovens muito protegidos. Com 19, 20 anos, já começam a ser adultos responsáveis. É uma infantilização dos jovens", afirmou Aguiar.
No entanto, ela lamenta que o único meio de se "punir exemplarmente" é colocar o indivíduo em uma prisão.
"É um dilema, porque as prisões no Brasil não são adequadas. Mas o ruim é que não se questionaria isso se um pobre fosse o agressor", afirma.
As violências contra as prostitutas na praia da Barra vão desde xingamentos e provocações -retribuídos pelas prostitutas- até tiros com armas de paintball. Muitas já desistiram de denunciar à polícia os casos de agressão e adotam estratégias para se defender.
No caso da semana passada, comemoraram o fato de uma delas não estar no grupo das vítimas: a agressão à doméstica mobilizou polícia e mídia para a prisão do grupo.


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