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Para jovens, há exagero em prisão de agressores
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da desaprovação geral pelo que eles fizeram, na
noite que gira em torno dos
postos de gasolina, das boates e
das pistas planejadas para alta
velocidade da Barra da Tijuca,
muitos acreditam que os cinco
agressores da doméstica Sirlei
Dias de Carvalho, 32, já tiveram
a sua pior punição: a exposição
de seus rostos na mídia.
"Eles devem ser punidos,
mas para que colocar numa prisão? Para lá ter contato com
outros tipos de criminosos e
sair de lá pior?", questionou a
estudante Viviane Potter, 25.
No dia da prisão do grupo, na
segunda, o microempresário
Ludovico Bruno, 46, pai de Rubens Arruda, 19, afirmou que
eles não deveriam ficar presos
junto com "outros bandidos".
O empresário Rafael Santos,
21, considera "exagero" a prisão
do grupo, indiciado pelo delegado Carlos Augusto Nogueira
por tentativa de latrocínio e
formação de quadrilha. "Se o
caso não fosse divulgado, o problema seria resolvido com dinheiro, que é o que sempre
acontece."
Para o seu amigo, o comerciante Márcio Pereira, 22, "seis
meses ou um ano já estava
bom". "Mas o mais justo seria
eles prestarem serviço comunitário, algo assim", afirma ele.
De acordo com a coordenadora do Claves-Fiocruz (Centro Latino-Americano de Estudos da Violência e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz), Simone de Aguiar, a recusa pela
punição é mais uma forma de
"infantilização" a que esses jovens são submetidos.
"A classe média mantém esses jovens muito protegidos.
Com 19, 20 anos, já começam a
ser adultos responsáveis. É
uma infantilização dos jovens",
afirmou Aguiar.
No entanto, ela lamenta que
o único meio de se "punir
exemplarmente" é colocar o indivíduo em uma prisão.
"É um dilema, porque as prisões no Brasil não são adequadas. Mas o ruim é que não se
questionaria isso se um pobre
fosse o agressor", afirma.
As violências contra as prostitutas na praia da Barra vão
desde xingamentos e provocações -retribuídos pelas prostitutas- até tiros com armas de
paintball. Muitas já desistiram
de denunciar à polícia os casos
de agressão e adotam estratégias para se defender.
No caso da semana passada,
comemoraram o fato de uma
delas não estar no grupo das vítimas: a agressão à doméstica
mobilizou polícia e mídia para a
prisão do grupo.
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