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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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HABITAÇÃO

Após mais de duas horas de conversa entre movimentos sociais e governos, fórum é criado para discutir propostas

Reunião não resolve situação de sem-teto

DA REPORTAGEM LOCAL

O impasse em torno dos prédios ocupados por sem-teto no centro de São Paulo prossegue mesmo após mais de duas horas de reunião entre a cúpula de 19 movimentos sociais e integrantes dos governos federal, estadual e da prefeitura, ontem à tarde.
"Ficamos sem entender. Quando levamos a questão ao Estado, disseram que era para esperar essa reunião. Estamos como bola de pingue-pongue", disse Ivaneti de Araújo, uma das coordenadoras do MSTC (Movimento dos Sem-Teto do Centro), entidade que participou de algumas das invasões da semana passada.
O edifício do antigo hotel Terminus, na avenida Ipiranga, invadido por 800 pessoas, já teve reintegração de posse determinada e deve ser alvo de ação da Polícia Militar entre hoje e o fim de semana, segundo a Folha apurou.
Também não foi equacionada ainda a situação das cerca de 400 pessoas que tiveram de sair anteontem de uma área em frente à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), depois de retiradas do antigo hotel Danúbio, também invadido na semana passada. O grupo foi encaminhado provisoriamente para um terreno na zona leste. Permanecem ocupados ainda os prédios da rua Aurora e da rua Mauá.
O secretário nacional da Habitação, Jorge Hereda, disse que o governo sabe que "existe uma situação de fato", mas "está constituindo uma relação para tratá-la de maneira estrutural". Segundo ele, o governo não quer tratar só dos casos pontuais, que emergiram na semana passada.
Foi criado um fórum das três esferas do governo e dos sem-teto para a discussão de propostas. Hereda disse ainda que o governo federal poderá acelerar programas habitacionais e ceder prédios federais, se necessário, mas evitou falar em investimentos para o setor. "Não definimos valores", disse ao sair do encontro.
Nos bastidores, o governo prepararia um pacote de medidas visando o problema porque avalia que as ações dos sem-teto podem trazer mais prejuízos políticos do que as dos sem-terra.
Segundo a prefeitura, o encontro foi marcado na semana passada para articular esferas de governo e os movimentos. Não havia intenção de solucionar o impasse.
Hereda discordou de avaliação do governo estadual de que há orquestração política por trás da recente movimentação dos sem-teto em São Paulo. "O governo reconhece que estão vivendo uma situação difícil, perdendo empregos, fruto da política econômica que herdamos. É simplificar demais a questão." (FABIANE LEITE)


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