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HABITAÇÃO
Após mais de duas horas de conversa entre movimentos sociais e governos, fórum é criado para discutir propostas
Reunião não resolve situação de sem-teto
DA REPORTAGEM LOCAL
O impasse em torno dos prédios ocupados por sem-teto no
centro de São Paulo prossegue
mesmo após mais de duas horas
de reunião entre a cúpula de 19
movimentos sociais e integrantes
dos governos federal, estadual e
da prefeitura, ontem à tarde.
"Ficamos sem entender. Quando levamos a questão ao Estado,
disseram que era para esperar essa reunião. Estamos como bola de
pingue-pongue", disse Ivaneti de
Araújo, uma das coordenadoras
do MSTC (Movimento dos Sem-Teto do Centro), entidade que
participou de algumas das invasões da semana passada.
O edifício do antigo hotel Terminus, na avenida Ipiranga, invadido por 800 pessoas, já teve reintegração de posse determinada e
deve ser alvo de ação da Polícia
Militar entre hoje e o fim de semana, segundo a Folha apurou.
Também não foi equacionada
ainda a situação das cerca de 400
pessoas que tiveram de sair anteontem de uma área em frente à
CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
do Estado de São Paulo), depois
de retiradas do antigo hotel Danúbio, também invadido na semana passada. O grupo foi encaminhado provisoriamente para
um terreno na zona leste. Permanecem ocupados ainda os prédios
da rua Aurora e da rua Mauá.
O secretário nacional da Habitação, Jorge Hereda, disse que o
governo sabe que "existe uma situação de fato", mas "está constituindo uma relação para tratá-la
de maneira estrutural". Segundo
ele, o governo não quer tratar só
dos casos pontuais, que emergiram na semana passada.
Foi criado um fórum das três esferas do governo e dos sem-teto
para a discussão de propostas.
Hereda disse ainda que o governo
federal poderá acelerar programas habitacionais e ceder prédios
federais, se necessário, mas evitou
falar em investimentos para o setor. "Não definimos valores", disse ao sair do encontro.
Nos bastidores, o governo prepararia um pacote de medidas visando o problema porque avalia
que as ações dos sem-teto podem
trazer mais prejuízos políticos do
que as dos sem-terra.
Segundo a prefeitura, o encontro foi marcado na semana passada para articular esferas de governo e os movimentos. Não havia
intenção de solucionar o impasse.
Hereda discordou de avaliação
do governo estadual de que há orquestração política por trás da recente movimentação dos sem-teto em São Paulo. "O governo reconhece que estão vivendo uma
situação difícil, perdendo empregos, fruto da política econômica
que herdamos. É simplificar demais a questão."
(FABIANE LEITE)
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