São Paulo, Domingo, 01 de Agosto de 1999
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VIOLÊNCIA
Governo britânico vai investir US$ 81 milhões para instalar os equipamentos em locais públicos
Inglaterra usa câmeras contra o crime

SYLVIA COLOMBO
de Londres

Impressões digitais parecem ter virado coisa do passado. Em Londres, sistemas de vigilância centrados em câmeras de TV ganharam o status de instrumento essencial na perseguição a infratores da lei.
A Inglaterra é o país que mais possui câmeras de CCTV (sigla para circuito fechado de TV, em inglês) per capita em toda a Europa. Em Londres, os habitantes são "vítimas" de uma câmera a cada cinco minutos pelas ruas.
Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pela organização não-governamental (ONG) Privacy International, que mostrou que, com a disseminação do uso das câmeras para vigilância, em 2015 não haverá mais lugares secretos, fora das casas das pessoas, na capital britânica.
Se por um lado o CCTV tem ajudado a combater o crime, por outro tornou-se centro de uma polêmica, ao ser usado em locais de trabalho para fiscalizar de perto os funcionários.
Neste ano, quando o livro "1984", de George Orwell, completa 50 anos (foi escrito em 1949), o espectro do "Grande Irmão" está presente em escritórios e fábricas na forma do CCTV.
Em Manchester, sindicatos de trabalhadores organizaram manifesto em repúdio ao uso de sistemas de câmeras em locais de trabalho. Em resposta às pressões, o governo britânico acaba de aprovar uma lei para regular o uso de CCTV nesses locais.
Pela nova legislação, todo empregador que deseje implementar um sistema de vigilância em sua empresa tem de pedir antes uma permissão aos funcionários ou aos seus representantes da categoria.
Para isso, o empregador será obrigado a apresentar justificativas para a instalação de câmeras de televisão em banheiros ou em fumódromos.

Investimento
Paralelamente, o Ministério do Interior do Reino Unido está investindo 45 milhões de libras (US$ 81 milhões) para instalar novos aparelhos em lugares públicos, como estações de metrô e edifícios do governo.
O mais recente caso importante em que as câmeras colaboraram na luta contra o crime foi durante as investigações para encontrar o responsável pela explosão de três bombas de pregos em Londres.
As explosões, em regiões habitadas por minorias (negros, asiáticos e homossexuais), causaram a morte de três pessoas e mais de cem feridos, entre os meses de abril e maio deste ano.
A polícia localizou o suspeito de ter provocado os atentados por meio de uma das 26 câmeras instaladas nas portas das lojas no dia da primeira explosão, em Brixton. A imagem mostrou um homem de boné de beisebol branco carregando uma sacola suspeita.
Uma semana depois, quando a outra bomba explodiu no Soho, testemunhas identificaram a presença do mesmo homem próximo ao bar que foi o alvo do atentado.
Na City, centro financeiro da capital britânica, o sistema de câmeras está ligado diretamente aos arquivos da polícia.
O conjunto permite escanear rapidamente as imagens de pessoas e compará-las com as dos arquivos, permitindo a identificação de suspeitos.


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