|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hospitais ignoram lei que exige divulgação da escala de médicos
Lei municipal obriga exposição em unidades de saúde de lista com nomes e horários para facilitar fiscalização por usuários
Em 9 postos de atendimento visitados, apenas 2 tinham
a relação completa; segundo prefeitura, quadro ainda precisa de padronização
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O quadro informativo com os
nomes e os horários dos médicos ainda não é exposto em várias unidades de saúde municipais em São Paulo.
Elas não seguem o que diz a lei promulgada no mês de maio e o posterior
decreto do prefeito Gilberto
Kassab (DEM), de junho, que
obrigaram a exposição da lista
na principal sala de espera de
hospitais, prontos-socorros e
unidades básicas de saúde.
A idéia, segundo o autor da
proposta, o vereador Adilson
Amadeu (PTB), era permitir
aos usuários saber o nome e o
registro do médico e fiscalizar o
funcionamento da unidade. Segundo a prefeitura, ainda é necessário padronizar os quadros.
Nesta semana, a Folha visitou nove postos de atendimento e constatou que apenas dois
tinham a lista completa e conforme exige a lei. Foram a UBS
Santa Cecília, na região central,
e a UBS Vila Santo Estevão, na
zona leste. Nesta, porém, uma
das duas médicas previstas para trabalhar na tarde de quarta,
conforme a lista, não estava
porque trabalhara pela manhã.
A maioria das unidades visitadas não tinha a relação. Algumas ainda a tinham em locais
inadequados ou sem todas as
informações exigidas.
A norma da prefeitura exige
que, além do nome e do horário
de trabalho do médico, a lista
mostre o número de registro e
a especialidade. As informações devem estar na sala de espera principal da unidade e em
local visível ao público.
No Hospital Municipal Menino Jesus, na Bela Vista, região central, não há placas para
informar os horários dos mais
de cem médicos da unidade.
Elas estão programadas no
projeto de reforma que é realizado no local, segundo a administração do hospital. Na UBS
Humaitá, também na Bela Vista, há uma lista com dados
completos sobre dentistas que
atendem no local, mas apenas o
nome do restante dos médicos.
Lá, sobram críticas ao atendimento. "Tô esperando há
duas horas só para marcar consultas de rotina", disse a aposentada Teresa Koslovske, 70.
Na UBS Cupecê, no Jabaquara, zona sul, a falta de informações foi apontada como um
problema por usuários que se
queixam de constantes atrasos
de consultas marcadas.
"Tinha consulta com o ginecologista às 14h, mas ele só chegou às 15h. Não sei que horas
serei atendida, pois tem um
monte de gente na minha frente", afirmou a doméstica Rose
Soares, 40. Segundo ela, a falta
de informações dificulta a cobrança. "Não sei o horário do
meu médico. Só que minha
consulta costuma atrasar mais
ou menos uma hora."
No PS do Hospital do Servidor Público Municipal também
não havia listas de médicos. Já
no PS de Santana havia quadros com todos os dados exigidos, mas em um corredor após
a passagem pela sala de espera
principal. Problema semelhante ocorreu no PS da Barra Funda, zona oeste, onde a lista, com
dados a caneta, estava no mural
dentro da recepção.
Na UBS Bom Retiro, centro,
a lista não trazia as especialidades. Segundo a direção, porque
a unidade atende pelo Programa Saúde da Família e são todos médicos "generalistas".
A obrigatoriedade da lista
não agrada aos médicos. Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de
São Paulo, Cid Carvalhaes, a
medida é coercitiva e dá a impressão de que, se o atendimento não é bom, é por culpa
do médico. "O mais importante
é que atendimento funcione."
Ele afirma ainda que seria
mais justo que todos os outros
cargos da administração municipal tivessem em seus locais
de trabalho listas com horários.
Colaborou RICARDO SANGIOVANNI, da Reportagem Local
Texto Anterior: Rio: Governador desautoriza PM e dá pensão a viúvo de policial Próximo Texto: Outro lado: Regulamentação padronizará lista, diz secretaria Índice
|