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Para secretário nacional, investigação deve ser feita por corregedoria independente
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Responsável pelo planejamento de ações de segurança
pública do governo federal, o
secretário Antonio Carlos Biscaia diz que os desvios de conduta de policiais militares não
deveriam ser investigados pelos próprios batalhões.
"Hoje em alguns Estados,
quando há desvio de conduta, a
investigação é feita pelo próprio batalhão. Não é adequado.
Temos de ter um órgão que fique fora do controle dos próprios batalhões de Polícia Militar", diz o titular da Secretaria
Nacional de Segurança Pública.
Biscaia, que defende a criação em todos os Estados de corregedorias únicas para as polícias locais, admite problemas
na corporações, mas afirma que
os baixos salários, por exemplo,
não justificam certas atitudes.
"A gente sabe que lamentavelmente há um percentual
muito grande de desvio de conduta nas corporações policiais,
como a Polícia Militar. O baixo
salário, por si só, não justifica
desvio de conduta e, pior do
que isso, a participação em atividades delituosas", afirma.
Assim como Biscaia, o ouvidor-substituto da Polícia do Estado de São Paulo, Júlio César
Neves, prevê que ações criminosas entre policiais só serão
minimizadas a longo prazo.
"Isso indubitavelmente são
resquícios da ditadura. É um sinal da falta do Estado de Direito, algo [a ser resolvido] a longo
prazo. É preciso um atendimento psicológico aos policiais
militares, cursos de atualização", diz Neves, acostumado a
lidar com casos desse tipo.
Para Rosiana Queiroz, coordenadora nacional do MNDH
(Movimento Nacional de Direitos Humanos), as ameaças
oriundas de policiais militares
são as mais perigosas.
"Tem gente armada, com a
proteção da farda e com a legitimidade do imaginário popular
de que eles estão fazendo um
bem para a população. E o policial é ainda mais perigoso
quando se alia ao poder econômico interessado em fazer uma
limpeza para proteger seu patrimônio, como tirar ladrões e
meninos das ruas."
Rosiana, do MNDH, defende
um novo modelo de polícia. "É
preciso repensar o modelo de
polícia. Retirar essa visão militaresca, muito arbitrária, e valorizar os policiais", afirma.
Segundo ela, como ainda não
existe a independência das corregedorias, o ideal é que as investigações sejam feitas pelo
Ministério Público.
(ES)
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