São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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Secretário de Alckmin admite falhas

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o secretário da Educação, Gabriel Chalita, 33, há uma confusão na hora de avaliar a progressão, que acaba arcando com a culpa das falhas de aprendizado.
"Ensino e aprendizagem são uma coisa, progressão, outra. O que está ruim é o ensino e a aprendizagem, não a progressão."
O problema, segundo ele, foi a falta de discussão na implantação do modelo. "O erro foi o sistema não ter sido discutido com professores e pais", afirmou Chalita.
Para ele, se tivesse ocorrido um amplo debate ficaria claro que a progressão não tem relação com ensino e aprendizagem. "Ela é um grande caminho para minimizar a exclusão social, já que evita que o aluno abandone a escola por uma série de repetências", diz.
Chalita afirma que é o primeiro a admitir os erros e problemas do sistema estadual e que está trabalhando para realizar os ajustes necessários. "Não é fácil. Mas dizer que o aluno não aprende porque não repete é o mesmo que dizer que ele não aprende porque não apanha", completa o secretário.
A assessoria de imprensa da secretaria informou que, em 2002, o Estado investiu cerca de R$ 100 milhões em capacitação e que foi constituído um grupo de trabalho para preparar a capacitação para este ano. Segundo o secretário, a partir de 2003 o governo aumentará os investimentos em preparação de professores, passando de 17 para 89 o número de pólos de capacitação no Estado.
O objetivo é oferecer cursos de acordo com a dificuldade mais representativa em cada região. Os professores de reforço, de acordo com o secretário, receberão capacitação específica.

Rose Neubauer
A ex-secretária de Estado da Educação Rose Neubauer, que coordenou a implantação da progressão no Estado, no governo Mário Covas, diz que não houve autoritarismo e que, se houvesse discussão prévia com a rede, o modelo nunca seria efetivado.
Segundo ela, o tempo gasto com a discussão seria um prejuízo para os alunos. "É claro que discussão é importante, mas os alunos ficariam esperando", declarou. "A criança está interessada em aprender. A progressão continuada faz parte da natureza dela."
Neubauer também afirma que a implementação não foi autoritária, uma vez que estava prevista no programa do governo Covas. Segundo ela, a decisão que aprovou o sistema foi do Conselho Estadual de Educação, tendo como base a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação).
De acordo com Neubauer, os professores precisam ter autoconfiança e deixar de compartilhar da "pedagogia do medo", usando mais sua criatividade.
Para ela, já existem as condições necessárias para que o professor trabalhe bem. "É claro que pode melhorar, sempre pode. Mas estamos melhores hoje do que antes da progressão", avaliou a ex-secretária. (BL)


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