São Paulo, quinta-feira, 02 de janeiro de 2003

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Alunos dizem que estudam menos

DA REPORTAGEM LOCAL

Alunos do ensino fundamental ouvidos pela Folha reclamam da falta de acompanhamento e dizem que estudam menos nos anos em que não é possível repetir. No ensino médio, estudantes revelam que se arrependem de não ter estudado mais sozinhos.
Na classe da 7ª série de uma escola municipal de São Paulo os alunos debateram a progressão em uma aula de geografia. "Não repetir é bom; não aprender, não", diz um aluno. Os colegas concordam com ele.
Ao contrário do que acontece na 8ª série, na 7ª ninguém repete por não ter aprendido. Quando a pergunta é se eles pretendem, por causa disso, estudar mais no ano seguinte, a resposta vem com um riso de quem sabe que faz arte. "É claro", diz uma aluna de 16 anos, a mais velha da classe. Os colegas mais uma vez concordam.
"Passei direto sem saber nada", afirma Ricardo Alexandre Marcelino, 21, que fez o ensino fundamental no sistema de progressão e hoje está no 2º ano do ensino médio da rede estadual, depois de ser reprovado três vezes por falta. Na recuperação, diz ele, esse perigo não existe. "Quem fica na sala passa, não precisa fazer nada."
Ele diz que não é "santo" e que deveria ter estudado mais. "Quero ser advogado ou fazer computação. Com meu estudo, minhas chances são mínimas." Vivian Ramos Dias, 21, que cursa o 3º ano, quer cursar direito. "No ano que vem vou fazer cursinho para aprender, não para fazer revisão."
Nas respostas de provas de uma turma de 8ª série da zona leste de São Paulo, expressões como "na milha opininhão", "hanbidantes do Reino Unido", "inpedem" e "tenpo", além de problemas na separação das sílabas, como em "aume-nto", revelam a dificuldade dos alunos em expressar suas idéias em forma de texto.
As perguntas tinham sido tiradas de um texto que podia ser consultado durante a atividade. "Não conseguem ler e interpretar. Não compreendem o que lêem ou não sabem expressar isso", afirma o professor Cleiton da Silva, 34.


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