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Alunos dizem que estudam menos
DA REPORTAGEM LOCAL
Alunos do ensino fundamental
ouvidos pela Folha reclamam da
falta de acompanhamento e dizem que estudam menos nos
anos em que não é possível repetir. No ensino médio, estudantes
revelam que se arrependem de
não ter estudado mais sozinhos.
Na classe da 7ª série de uma escola municipal de São Paulo os
alunos debateram a progressão
em uma aula de geografia. "Não
repetir é bom; não aprender,
não", diz um aluno. Os colegas
concordam com ele.
Ao contrário do que acontece
na 8ª série, na 7ª ninguém repete
por não ter aprendido. Quando a
pergunta é se eles pretendem, por
causa disso, estudar mais no ano
seguinte, a resposta vem com um
riso de quem sabe que faz arte. "É
claro", diz uma aluna de 16 anos, a
mais velha da classe. Os colegas
mais uma vez concordam.
"Passei direto sem saber nada",
afirma Ricardo Alexandre Marcelino, 21, que fez o ensino fundamental no sistema de progressão
e hoje está no 2º ano do ensino
médio da rede estadual, depois de
ser reprovado três vezes por falta.
Na recuperação, diz ele, esse perigo não existe. "Quem fica na sala
passa, não precisa fazer nada."
Ele diz que não é "santo" e que
deveria ter estudado mais. "Quero ser advogado ou fazer computação. Com meu estudo, minhas
chances são mínimas." Vivian
Ramos Dias, 21, que cursa o 3º
ano, quer cursar direito. "No ano
que vem vou fazer cursinho para
aprender, não para fazer revisão."
Nas respostas de provas de uma
turma de 8ª série da zona leste de
São Paulo, expressões como "na
milha opininhão", "hanbidantes
do Reino Unido", "inpedem" e
"tenpo", além de problemas na
separação das sílabas, como em
"aume-nto", revelam a dificuldade dos alunos em expressar suas
idéias em forma de texto.
As perguntas tinham sido tiradas de um texto que podia ser
consultado durante a atividade.
"Não conseguem ler e interpretar.
Não compreendem o que lêem ou
não sabem expressar isso", afirma
o professor Cleiton da Silva, 34.
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