|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEGURANÇA
Advogado de José Eduardo Bernardes da Silva, indiciado pela polícia de São Paulo, disse que ele irá se apresentar
Funcionário da Anistia nega envio de bomba
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES
O funcionário da Anistia Internacional José Eduardo Bernardes
da Silva negou ontem as acusações feitas contra ele pela Secretaria da Segurança Pública de São
Paulo. Ele foi indiciado pela polícia por atentados a bomba ocorridos no ano passado.
Professor de educação física,
Silva, 40, está na Espanha e falou
ontem, por telefone, com o seu
advogado no Brasil, Alexandre
Crepaldi. ""Conversei com ele. Ele
nega, diz que não foi ele e que não
sabe por que está sendo acusado
disso", afirmou Crepaldi, contratado pela família de Silva.
Segundo Crepaldi, o professor
irá se apresentar à polícia logo que
for chamado para depor no inquérito. ""Toda prova tem de ser
analisada e não há nenhuma que
não seja inquestionável."
Anteontem, o secretário da Segurança Pública do Estado, Marco Vinicio Petrelluzzi, apresentou
relatório da polícia afirmando
que a caligrafia do funcionário da
Anistia bate com a dos bilhetes
enviados com bombas para entidades de direitos humanos na capital, na semana que antecedeu o
feriado de 7 de Setembro.
O próprio Silva, que vive sob a
proteção da Anistia na Europa
desde a série de atentados, recebeu duas pelo correio e apontou
os skinheads como os responsáveis pelos pacotes-bombas. Uma
terceira foi para o presidente da
Associação da Parada do Orgulho
GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e
transgênero), em São Paulo.
A polícia ainda não marcou a
data para que o funcionário da
Anistia se apresente para depor.
Se não aparecer, o delegado Marcos Ricardo Parra pode pedir a
prisão preventiva dele.
A Anistia Internacional informou ontem, em Londres, que só
vai se pronunciar sobre a acusação apresentada pela polícia brasileira contra Silva quando receber cópia do inquérito policial.
"Até o momento não recebemos esses documentos e não podemos fazer comentários a respeito", disse à Folha, em Londres,
Javier Zuñiga, diretor-geral para
as Américas. "Assim que tivermos acesso a esses documentos
nós vamos nos pronunciar."
Em nota oficial divulgada ontem, a Anistia Internacional afirmou que lamentava o fato de as
conclusões da polícia terem sido
apresentadas antes à imprensa, e
não à entidade. "Isso nos deixou
em uma situação difícil, a de ter de
comentar algo cujo teor ainda não
conhecíamos completamente."
Zuñiga confirmou que representantes da Anistia participaram
da coletiva anteontem, em São
Paulo, mas não obtiveram cópia
do inquérito policial. Patrícia Roguet, que esteve na reunião, saiu
antes do final, sem falar com ninguém. "Já conversamos com ele
(Silva) e ele reagiu com surpresa
ao resultado do inquérito.", disse.
Na nota oficial, a Anistia solicita
que o caso seja conduzido dentro
de padrões internacionais de Justiça e reitera que todas as pessoas
devem ser consideradas inocentes
antes que sua culpa seja provada.
"A Anistia Internacional vai
continuar sua campanha pelos direitos humanos no Brasil, incluindo os direitos dos gays, lésbicas e
outras minorias", conclui a nota.
Segundo a assessoria do secretário da Segurança Pública de São
Paulo, havia uma promessa, feita
no início das investigações, de que
as entidades de direitos humanos
conheceriam o autor dos atentados antes da imprensa. Horas antes de divulgar o laudo do Instituto de Criminalística, Petrelluzzi se
encontrou com integrantes de diversas organizações.
Texto Anterior: Saúde: Médicos de SP trabalham cada vez menos como profissionais liberais Próximo Texto: Educação: FMI sugere fim da universidade gratuita Índice
|