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EDUCAÇÃO
Relatório do Fundo propõe a cobrança de algum tipo de mensalidade para financiar ensinos fundamental e médio
FMI sugere fim da universidade gratuita
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relatório elaborado por técnicos do FMI (Fundo Monetário Internacional) sugere que as universidades públicas brasileiras deveriam cobrar algum tipo de mensalidade dos estudantes.
De acordo com o documento, o
ensino superior gratuito beneficia, em maior escala, as pessoas de
maior renda.
"Isso (a cobrança de algum tipo
de mensalidade) iria liberar mais
recursos para financiar os ensinos
fundamental e médio", afirmam
os técnicos da entidade.
O texto não especifica se a cobrança seria feita dos alunos de
graduação ou de pós-graduação.
Nesse ano, o orçamento das 52
instituições federais de ensino superior totaliza R$ 6,14 bilhões.
A sugestão está no relatório
"Brasil: Assuntos Selecionados e
Estatísticas", feito pelo FMI no
mês passado. O documento analisa a situação da economia brasileira e a eficácia dos investimentos
do governo nas áreas sociais.
De acordo com o FMI, o governo gasta, com cada aluno do ensino superior, cerca de 16 vezes
mais do que com um estudante
do ensino fundamental. Além disso, a proporção de alunos por
professor é mais baixa no ensino
superior.
Renda
O aumento dos investimentos
no ensino fundamental é considerado no relatório como uma maneira de melhorar a distribuição
de renda no país.
"Enquanto gastos do governo
nos ensinos médio e superior costumam ter impacto negativo na
distribuição de renda, investimentos na pré-escola e no ensino
fundamental têm o efeito oposto", diz o documento.
Para o FMI, uma das principais
deficiências dos investimentos na
área social -em especial, projetos relativos a educação e saúde-
é a má distribuição dos recursos
destinados a essas áreas.
Melhores resultados poderiam
ser obtidos sem que seja necessário um aumento no orçamento
dessas áreas, diz o FMI.
Segundo o documento da entidade, muita coisa poderia melhorar se os gastos do governo fossem mais eficientes.
"Ainda há muito a ser feito para
que a assistência social seja uma
poderosa rede de segurança social
e instrumento de alívio da pobreza no Brasil", afirma o relatório
do Fundo.
Elogio
O documento ressalta, porém,
que, "apesar disso, há muitos programas bem direcionados e que
conseguem atingir a camada mais
pobre da população".
Um dos programas elogiados é
o Fundef (Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do
Magistério), dispositivo criado
pelo Ministério da Educação para
financiar projetos dos governos
regionais.
Para o FMI, o Fundef ajudou a
diminuir a diferença entre os salários pagos a professores do ensino
fundamental em cada Estado.
Os salários mais baixos geralmente são recebidos por professores das regiões Norte e Nordeste, se comparado àqueles das demais regiões do país.
Mais crianças
O aumento do número de crianças na escola também foi elogiado
pelo FMI.
O documento aponta que, em
1999, cerca de 95% das crianças
entre 7 e 14 anos estavam na escola -contra 90% em 1994. Mas as
taxas de reprovação ainda são
consideradas altas.
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