São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2001

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Ministro não defende nem descarta taxa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Paulo Renato Souza (Educação) não descarta completamente a cobrança de mensalidades nas universidades públicas. Ele disse, por meio da assessoria de imprensa, que "esse é um assunto importante, que o país terá que discutir no futuro".
O ministro ressalta, porém, que nunca defendeu a idéia da cobrança. "Isso (a gratuidade do ensino público superior) está na Constituição e nós, deste governo, nunca propusemos uma mudança nesse aspecto", afirmou.

Pobres
Paulo Renato também rebate o argumento de que os pobres que estudam em escolas públicas, durante os ensinos fundamental e médio, só conseguem entrar em faculdades particulares.
"Infelizmente, no nosso país, os pobres não chegam nem mesmo a concluir o ensino médio", disse.
Paulo Renato chamou atenção para o aumento das matrículas no ensino médio, o que levaria a uma maior procura por escolas de ensino superior em alguns anos.
Daí a necessidade, segundo ele, de "rediscutir a questão do financiamento das universidades no futuro".

Críticas
Reitores de universidades federais ouvidos pela Folha são mais incisivos ao negarem que a cobrança de mensalidade nas instituições públicas possa trazer benefícios ao ensino fundamental e ao criticarem a sugestão do Fundo Monetário Internacional.
Jader Nunes de Oliveira, reitor da Universidade Federal da Paraíba, disse que se trata de uma "ingerência indevida do FMI nos assuntos do Brasil".
Afirmou ainda que, segundo a Constituição, o ensino fundamental é de responsabilidade dos municípios, e que é à União que cabe gerenciar as instituições de ensino superior.
Na opinião de Ótom Anselmo de Oliveira, reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, "não seria conveniente" a cobrança de mensalidade.
Oliveira disse que, se poucos alunos de escolas públicas conseguem chegar às universidades gratuitas, a culpa não é da universidade. "Isso acontece porque a escola pública não é boa."


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