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Extremo sul não segue tendência de queda
DA REPORTAGEM LOCAL
As megablitze e a compra de
carros e armas para a polícia, promovidas pelo governo do Estado,
não têm surtido efeito no extremo
sul de São Paulo. Na contramão
das delegacias seccionais de polícia, que registram uma tendência
de queda dos homicídios dolosos,
a região de Santo Amaro apresentou um aumento de 7,5% dos casos no primeiro trimestre deste
ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar de liderar o número de
casos nos últimos anos, a Delegacia Seccional de Santo Amaro vinha baixando as estatísticas nesse
tipo de crime. Tanto que, no primeiro trimestre de 2001, houve
uma queda de 6% em relação ao
mesmo período do ano anterior.
Para a comunidade da região, é
fácil entender os motivos desse
crescimento. Em vez de mais armas e carros de polícia, os moradores reivindicam prontos-socorros, creches e escolas.
"Num local tão violento como
este, não seria a primeira coisa a
ter? Isso é um total contra-senso",
questionou a educadora Petronela Booner, do Centro de Direitos
Humanos e Educação Popular do
Campo Limpo, a respeito de falta
de prontos-socorros na região.
Ela cita o exemplo do Jardim
Ângela, um dos locais mais perigosos da região. Segundo a educadora, o pronto-socorro mais próximo fica a 25 quilômetros. "Em
tempo de campanha eleitoral, todo mundo quer ver polícia na rua,
mas só isso não resolve", criticou
a educadora.
O Fórum em Defesa da Vida e
contra a Violência, da qual o centro faz parte, realizou um tribunal
popular no último final de semana e deu um prazo de 30 dias para
que a Prefeitura de São Paulo e o
governo do Estado tomem duas
providências: construam prontos-socorros e mais bases comunitárias da Polícia Militar no Jardim Ângela -já existem duas.
"Se o pedido não for atendido,
vamos entrar com ações judiciais
para cobrar isso das autoridades",
afirmou a educadora.
Para ela, não adianta aumentar
a repressão em uma região da cidade marcada pelo desemprego.
"O que resolve colocar mais policiais para vigiar uma região na
qual 20% da população economicamente ativa está desempregada? Esse espetáculo não resolve",
disse Petronela.
O delegado seccional de Santo
Amaro, Darci Sassi, que assumiu
o posto na última segunda-feira,
também aponta erros. "Se você
deixa a sua casa abandonada, alguém vai e toma a sua casa. Se
houve aumento de homicídios, é
porque alguém deixou alguma
coisa abandonada, cometeu um
deslize. Não sei se foi a polícia, se
foi a prefeitura, só sei que vou retomar o local", disse.
Sassi concorda com a educadora de que só o policiamento não
vai diminuir os índices de violência. "Nas áreas mais carentes, a vida vale muito pouco", disse.
O fechamento de bares que têm
maior incidência de brigas e o
combate ao tráfico são prioridades imediatas. Porém Sassi reconhece a necessidade de ações sociais. "Vou procurar as ONGs e a
Secretaria da Assistência Social
para fazer um trabalho integrado", disse o delegado.
(GP)
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