MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Depois de enfrentar uma epidemia que representou 25,5% dos casos de dengue no Paraná no ano passado, Santa Fé, no noroeste do Estado, ostenta hoje um traço nas estatísticas da doença.
A secretária da Saúde do município, Ilda Pavan -ela mesma uma das vítimas do mosquito transmissor em 2001-, aponta o engajamento da população e a persistência do trabalho de conscientização, mantido inclusive durante o inverno, como determinantes da performance atual.
Em 2001, a dengue atingiu 329 dos cerca de 8.800 habitantes; em todo o Paraná, foram 1.288 casos.
O primeiro caso de Santa Fé foi importado. Em poucos dias, focos do mosquito se espalharam.
"Foi um susto só. Era difícil a casa que não tinha três ou quatro pessoas doentes", lembra Roseli Aparecida Fracassi, 34, outra infectada. Ela conta que 23 pessoas de sua família integraram as estatísticas da doença na cidade.
A concentração de casos ocorreu entre fevereiro e março. Os fumacês da Funasa (Fundação Nacional da Saúde) foram a primeira arma contra o Aedes aegypti. A eles se somaram passeatas e arrastões de limpeza de entulhos de terrenos baldios e quintais.
"O bom trabalho de conscientização funcionou, e a prefeitura fez e faz sua parte na coleta de lixo", afirmou a secretária da Saúde.
Santa Fé fica na rota do Sul para Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Uma cachoeira e dois balneários de água doce atraem turistas. A cidade fica a 50 km de Maringá e a 450 km de Curitiba.
Enquanto combatia a própria doença em casa, Ilda Pavan precisou socorrer o marido, o então prefeito Anésio Pavan (PSDB), e um filho. "Não deixei a doença me derrubar." Anésio Pavan morreu de infarto, em dezembro, e a administração passou ao vice, Laudelino Crivelaro (PSDB).
O fato de Santa Fé ser hoje uma "ilha sem dengue" custou às mulheres o abandono do hábito de cultivar plantas em vasos. As mais resistentes, como Roseli Fracassi, substituíram a água dos pratos por areia lavada. "Um funcionário da prefeitura está sempre passando e distribuindo o larvicida para impedir novos focos."
Os casos de dengue no Paraná crescem neste ano a uma média semanal de 30% a 40%. Somaram 2.043 nos quatro primeiros meses. Vizinha de Santa Fé, Maringá tem 158 casos e registrou a primeira morte por dengue hemorrágica no Estado.



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